segunda-feira, 25 de abril de 2016

Livro: Razões para Viver



Título: Razões para viver
Autor: Matt Haig
Edição/reimpressão: 2016
Páginas: 264
Editor: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-04814-1
Idioma: Português

Sinopse

Um livro sobre como tirar o máximo partido da vida enquanto cá estamos.
Aos 24 anos, o mundo de Matt Haig desabou:
Durante algum tempo, fiquei parado junto ao abismo. Primeiro, a ganhar coragem para morrer; depois, a ganhar coragem para viver.
Este é um relato na primeira pessoa sobre a forma como Matt mergulhou numa crise profunda, triunfou sobre uma doença que quase o matou e reaprendeu a viver.
Quando se está deprimido, sentimos que estamos sozinhos e que mais ninguém está a passar exatamente por aquilo que nos está a acontecer. Temos tanto medo de que os outros nos achem loucos que acabamos por interiorizar tudo. Temos tanto medo de que as pessoas nos ostracizem ainda mais, que acabamos por nos fechar numa concha. E não falamos sobre o que se passa connosco, o que é uma pena, pois ajuda se falarmos sobre o assunto.

Opinião
(por Roberta Frontini)

Gosto de ler vários tipos de livros, mas talvez por ter tirado o curso de psicologia, sempre que vou ler algo para descontrair, gosto de variar o tipo de leitura. No entanto, volta e meia, abro umas excepções. Até porque é sempre importante que continue a ler sobre a minha área e me vá informando. 
Posto isto, quando recebi este livro cá em casa, fiquei muito surpreendida. Não tinha ouvido falar nada dele, nem estava a perceber bem sobre o que era. Pudera! O livro ainda não tinha saído para as livrarias. Então, contrariamente ao que costumo fazer, dei uma vista de olhos à sinopse e à ficha técnica. A primeira coisa que me saltou à vista foi o nome do tradutor. De facto, quem traduziu esta obra (e ficam já aqui os meus sinceros parabéns pelo excelente trabalho) foi o escritor Paulo M. Morais (entrevista ao autor aqui). E depois percebi que este não era um livro de auto-ajuda, mas era a história  verídica de uma pessoa que passou por uma depressão terrível com uma perturbação de pânico associada. E foi assim que dei por mim logo a abrir o livro, a começar a ler e a devorar logo metade. De facto, as primeiras páginas deste livro devoram-se desenfreadamente. Uma pessoa nem se apercebe porque a escrita é fluída e vai alternando (entre a narração, listas, diálogos, etc.). 
Há uns meses desloquei-me ao Porto vários sábados para tirar um curso que adorei. O curso era sobre Terapia com os livros (foi um curso com um casamento perfeito entre duas das minhas grandes paixões) e tenho muita pena de o curso ter terminado sem eu ter tido oportunidade de falar ás minhas colegas sobre a importância deste livro. Tenho a certeza absoluta que durante as consultas o vou recomendar a imensa gente: a doentes deprimidos, doentes com ansiedade, ataques de pânico, mas também o irei recomendar a outros psicólogos, enfermeiros, médicos, pessoas com curiosidade em saber mais sobre estas patologias e, sobretudo, familiares do doente. De facto, frequentemente nas consultas, quando temos a possibilidade de falar com um familiar do doente, é muito típico ouvir gente a perguntar-me "o que é que posso fazer para ajudar?". E este livro tem também isso. 
Bom, mas vamos por partes! 
De que trata mesmo o livro? De variadíssimas coisas diferentes e é por isso que o meu exemplar está cheio de anotações, post-its e chamadas de atenção. 
Esta é a história verídica de uma pessoa que sofreu com estas doenças, é apenas a sua história! Mas sem dúvida que poderá ser muito útil de se ler. 
A questão da medicação é abordada e sobre o problema de que se querer resolver o problema apenas através de uma pílula mágica! Muitas vezes ouvi este discurso em consulta "Drª, mas não existe uma pílula mágica que me resolva o problema?"... "infelizmente" não! Por muito apelativo que possa ser. Mas Matt Haig neste livro fala sobre isso, e sobre todas as coisas úteis que poderá fazer para se ajudar. 
São várias as áreas abordadas, até aborda as contradições na área da depressão especialmente a nível neuroquímico e apresenta várias teorias. No entanto, e foi isto que gostei, o autor fala de forma rápida e com linguagem muito simples, abordando estritamente o necessário, sem acrescentar "palha" o que torna a leitura acessível e interessante. 
O autor é, também, um grande apaixonado por livros e literatura, e por isso foi muito bom ler sobre isso nesta obra, e perceber o poder que os livros tiveram para ajudar o autor a sair da situação em que se encontrava. 
Infelizmente, e pelas piores razões, Matt Haig acaba por falar em Portugal, um dos países com maior número de prescrições de antidepressivos (e, já agora, sabiam que em alguns países os livros também são prescritos para tratar algumas patologias do foro mental?).
O autor elenca também vários famosos que sofrem ou sofreram de depressão e ansiedade, na tentaiva de demonstrar que não é o dinheiro nem a fama que trazem razões para viver! Foca ainda a necessidade de se pedir ajuda porque é muito difícil combater esta doença sem o fazer. E é um livro muito actual! De facto, dá a conhecer ao leitor as terapias de terceira geração (como o mindfulness e as terapias da aceitação e do compromisso) que parecem estar muito na moda hoje em dia, mas que estão ligadas, por exemplo, à filosofia budista (que não tem nada de recente!). O interessante é que, por vezes, o autor nem lhes chama estes nomes para não confundir ou tornar mais complicado para o leitor, mas a informação está lá toda, numa linguagem muito adequada para qualquer tipo de leitor.
Enfim, é um livro que irei recomendar imenso a vários tipos de pessoas e fico mesmo muito feliz por ter tido a oportunidade de o ler!

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