quarta-feira, 20 de junho de 2018

[OPINIÃO] Livro: Intervenção psicológica com Jovens Agressores






Título: INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA COM JOVENS AGRESSORES
Autores: Daniel Rijo | Nélio Brazão | Diana Silva | Paula Vagos
Edição: 2017
ISBN: 978-989-693-072-1
Editora: PACTOR 
Páginas: 208


Sinopse

Os jovens com problemas de comportamento representam um dos grupos mais desafiantes para intervenção em psicoterapia. Habitualmente, demonstram grande resistência ao tratamento e negam ou minimizam os seus problemas. No entanto, a patologia do comportamento tende a associar-se a défices ao nível do sucesso académico, ao consumo de substâncias psicoativas e ao envolvimento em comportamentos de risco, podendo conduzir ao primeiro contacto destes jovens com o sistema de justiça. Trata-se, portanto, de um grupo de indivíduos com elevadas necessidades de intervenção.
A investigação científica tem mostrado que as intervenções cognitivo-comportamentais possuem eficácia demonstrada na reabilitação de jovens com patologia do comportamento, incluindo jovens agressores em contacto com a justiça. 
Este livro, resultante da experiência dos autores na investigação, ensino e intervenção com jovens agressores, foi pensado para auxiliar os psicólogos que avaliam e intervêm nesta população, tanto num setting de intervenção individual como em contexto de grupo. Tendo em conta os fatores de manutenção desta problemática, são também apresentadas estratégias de intervenção adequadas ao trabalho com pais e professores. 

Conteúdos abordados:
- Avaliação psicológica de jovens agressores
- Modelos cognitivo-comportamentais do comportamento antissocial
- Entrevista motivacional com jovens agressores
- Estratégias comportamentais, cognitivas e relacionais
- Programas de intervenção em grupo
- Intervenções em contexto escolar

Opinião 
(Roberta)

Hoje trago-vos um livro diferente, mas não por isso menos importante. 
Há livros que quando saem, uma pessoa ainda não os tocou sequer, e já sabe que são livros que vão fazer toda a diferença. É o caso deste livro. E porque digo eu isto? Porque este livro, considerando a temática, o conjunto de autores que o integram e a editora que está por trás, encerra em si mesmo já um selo de qualidade. 

Em Portugal temos um grande problema e nível dos livros na área da psicologia: são escassos, muitas vezes traduzidos apenas para português do Brasil, e não são práticos. São teóricos, maçudos, e quando os lemos parece que não aprendemos nada de novo. Por isso mesmo, obras deste calibre revestem-se de importância, e dificilmente neste post consguirei exprimir a felicidade e o orgulho que tenho em vez nascer, em Portugal, um livro destes. 

Demorei a falar-vos dele aqui no blogue (apesar de o ter mostrado nas nossas várias redes sociais e de já o ter recomendado algumas vezes) porque é um livro que necessitava que eu lhe desse uma especial atenção, não só pela temática (que acho extremamente interessante) mas especialmente pelos autores. Não é fácil falar num livro que foi escrito por um dos professores que mais me inspirou quando estava na faculdade. No entanto, vou dar o meu melhor. 

De facto o livro foi escrito por Daniel Rijo, um dos melhores professores que tive na vida. O prefácio foi redigido por José Pinto Gouveia, outro professor que me influenciou muito. Portanto, honestamente, estas são já boas razões para darem uma vista de olhos a este manual.  O resto só podiam ser coisas a somar. 

Mas antes de falar sobre o livro propriamente dito, uma palavra apenas de agradecimento à editora, que apostou numa colecção deste género. De facto, este livro integra a Colecção Intervenção em Psicologia. Portugal já precisava de uma aposta destas. 

Mais informações sobre a colecção aqui - https://www.pactor.pt/pt/coleccoes/intervencao-em-psicologia/

Coisas que vão encontrar neste manual: 
- Rigor científico 
- Escrita de qualidade 
- Questões práticas essenciais para qualquer profissional que tenha de lidar com jovens agressores
- Informação baseada na evidência com o modelo cognitivo-comportamental a abarcar todo o livro

Gostava de, enquanto estudante, ter tido a oportunidade de ler este manual. Mas como o conhecimento nunca se esgota, como estamos sempre a aprender e a necessitar de actualizar os nossos conhecimentos, acredito que esta leitura será importante para os profissionais da área e não apenas para quem está agora a trilhar o caminho da psicologia. Aliás, a constante actualização profissionais é um dos pilares do código da Ordem dos Psicólogos. 

Portanto, o livro está dividido em vários capítulos, e apesar de o primeiro ser sobre o modelo cognitivo-comportametntal, a verdade é que este modelo é a base de todo o manual. 

São assim abordadas as crenças que estão na "base" dos comportamentos anti-sociais dos mais novos, bem como os processos disfuncionais que ajudam a perpetuar os mesmos. Foi muito bom reler sobre isto. A questão da avaliação é abordada num capítulo à parte e aborda de forma pormenorizada quer as entrevistas quer as escalas que permitem uma avaliação mais quantitativa e mais voltada para as questões da investigação. A revisão feita está rigorosa e permite que o leitor depois possa aprofundar mais e ir pesquisar a informação indispensável ao uso de cada um destes instrumentos de avaliação. De facto os autores dão-nos as referencias todas necessárias para que o profissional possa fazer um trabalho de qualidade. 

Um dos meus capítulos preferidos foi o que dizia respeito ao modelo transteórico de mudança, isto porque os autores não só apresentam o modelo de forma sintética, compreensível e rigorosa, como depois se centram em cada um dos estádios de mudança, exemplificando cada um com "técnicas" que o terapeuta pode usar com o jovem durante a entrevista motivacional (e considerando a fase onde ele se encontra), tornando-se assim num livro não só informativo, como um manual de cariz prático. 

Enfim, num só livro vão encontrar vários tipos de intervenções (comportamentais, cognitivas, motivacionais, interpessoais) de cariz individual ou grupal, com exemplos bem escolhidos e práticos e que de certo ajudarão a tornar, os nossos jovens, em pessoas mais felizes, e os nossos profissionais, pessoas mais informadas e competentes. 

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