Luís Ismael
Realizador, argumentista e actor, Luís
Ismael (nome que adoptou em honra ao pai) é mais conhecido pelo público português como o Tone nos filmes Balas
& Bolinhos (uma trilogia de sucesso – o filme português mais visto nas
salas de cinema - e a primeira trilogia portuguesa). Nascido no Porto, é apaixonado por
cinema e fundou a Lightbox (a sua própria empresa). Apesar de já ser conhecido
do público português, aqui ficam algumas perguntas que servirão para o
conhecermos melhor.
Siga o trabalho na
página do seu facebook - https://www.facebook.com/ pages/Lu%C3%ADs-Ismael/ 325689310860550?ref=ts&fref=ts
Site
da Lighbox - http://www.lightbox.pt/web/
Qual é a sua nacionalidade: Portuguesa
O seu Filme favorito: A Costa de Mosquito de Peter Weir
O seu Livro favorito: Aquele que estou a ler agora a Biografia de Steve Jobs
O seu Anime favorito: Nenhum
O seu Manga favorito: Nenhum
O seu Evento/Espectáculo de música/Programa de Entretenimento favorito: The Wall Live (Roger Waters)
A sua Série de televisão favorita: Californication e Duarte&Companhia
Acabou de levar o Balas e Bolinhos ao teatro... como foi a experiência e a
adesão do público? Era o que esperava?
Foi uma experiência única. Porque em primeiro lugar nunca tinha
pisado um palco para teatro e em segundo por ter sentido na pele toda a
envolvência com o público. Foi muito especial.
Esperava surpreender o público e levá-lo a participar connosco nesta "aventura" de transformar um filme português em teatro.
Confesso que fui arrebatado pelo público em variadas situações. É tão intenso ver tanta alegria que provocávamos nas pessoas.
Foi fácil, ao longo destes 3 filmes, combinar o papel de argumentista,
realizador e actor ou acabou por sofrer de múltipla personalidade :) ?
Como reagia o Luís Ismael actor às críticas do Luís Ismael realizador?
Não foi nada fácil porque era uma quantidade abismal de trabalho e pouco tempo para o fazer. Como todas as pessoas na área da criatividade, também eu sofro durante o processo de escrita e depois de "transformação" de ideias em imagens. Normalmente sou muito mais exigente no processo de escrita e depois durante a rodagem tenho muitas vezes que me conformar com aquilo que é possível fazer e não com o que eu idealizei. Mas nunca confundi o Luís com o Tone, ambos têm o seu "lugar". :)
Para a construção das 4 personagens (Tone, Rato, Culatra e Bino) baseou-se em “tiques”, expressões ou características de personalidade típicas dos próprios actores?
Não diria que me baseei na personalidade, mas que aproveitei certas características físicas para depois "colar" a personagem no actor. O Jorge por exemplo é um sujeito baixo e com um perfil bastante cómico e com essa particularidade, surgiu o Rato, o tal criminoso de 50 olhos e frenético que tinha idealizado. O Pires tinha um aspecto que potenciava e muito o Bino e o Culatra foi idealizado como um "Bon Vivant" mas sem o glamour associado a este tipo de personagem. O Tone é um líder sem credibilidade que começa exactamente no seu nome… Tone. Uma mente brilhante do crime nunca se pode chamar Tone. Mas tem de ter todos os tiques de um sujeito que se acha bom e líder no meio da sarjeta. Em resumo foi olhar para os actores e depois olhar para aquilo que tinha idealizado para estas personagens e fazer uma "colagem".
Quais são, para quem gostaria de empreender o mesmo caminho que o Luís, as maiores dificuldades que irão encontrar em Portugal?
Creio que estás a falar de Cinema. A maior dificuldade que poderão encontrar é a descrença e o preconceito. Vivemos num país completamente agarrado a conceitos culturais bastante restritos, claramente intelectuais e elitistas e sem tolerância para produtos diferenciadores. Temos muita gente neste país que se leva muito a sério e depois criam barreiras a tudo que acham que não é "produto culturalmente aceitável". A definição quase bíblica e a compartimentalização de tendências cinematográficas, a fuga em pânico de tudo que é americano e o que eu apelido de "racismo cultural" é deveras evidente em Portugal. Além disso, temos uma classe jornalística de rédea curta, preconceituosa, pouco informada e com poucos hábitos de pesquisa. Mas as dificuldades são mesmo isso, dificuldades e cabe a quem está a iniciar carreira, seguir o seu caminho ignorando as críticas e fazendo aquilo que acredita.
O que se pode esperar da LightBox?
Pode-se esperar que consiga ultrapassar esta crise medonha e que consiga continuar a produzir cinema em Portugal. Luta-se por isso todos os dias.
É um pequeno grupo de pessoas que dá a cara do Balase Bolinhos 3. No entanto, imaginamos que muitas mais pessoas se tenham envolvido neste mega projecto... foram muito os intervenientes?
Ainda existe a ideia que o projecto balas é uma pessoa que está atrás de um computador algures na Lightbox. Neste último filme tivemos mais de 60 pessoas que colaboraram connosco e outras dezenas que orbitaram na sua periferia. Desde a pré-produção, até à rodagem e pós-produção a agregar neste projecto centenas de pessoas. Olhando para trás, foi uma verdadeira loucura o nível de investimento e complexidade técnica e humana deste último filme. Nada é deixado ao acaso e tudo é discutido e planeado antes de obter o "prime time".
Inspira-se no trabalho de outros actores e realizadores? Quais?
Sei que sou influênciado por outros autores. Só não sei por quem. Mas como qualquer autor que vê outros filmes e produtos audiovisuais, também eu recebo "inputs criativos". Tenho referências, gostos, mas tento ser o mais original possível.
E o futuro? Tem projectos cinematográficos em vista?
Tenho muitos projectos e veremos se algum dia chegam ao cinema. Estou a escrever 3 argumentos e veremos qual deles tem a sorte de ser produzido.
O nosso anterior entrevistado, o escritor e autor de palavras cruzadas Paulo Freixinho, teve como desafio deixar uma pergunta ao próximo entrevistado sem saber de quem se tratava (Pode ver a entrevista aqui: (http://flamesmr.blogspot.pt/2013/03/entrevista-ao-autor-paulo-freixinho.html). A pergunta foi a seguinte: “Faz Palavras Cruzadas?... ;-)"
Não costumo fazer palavras cruzadas. O mais perto que estou de o fazer é preencher a declaração do IRS.
Se pudesse, o que é que perguntaria ao próximo autor ou autora (ainda a definir) que iremos entrevistar? Costuma ver cinema português?
Para a construção das 4 personagens (Tone, Rato, Culatra e Bino) baseou-se em “tiques”, expressões ou características de personalidade típicas dos próprios actores?
Não diria que me baseei na personalidade, mas que aproveitei certas características físicas para depois "colar" a personagem no actor. O Jorge por exemplo é um sujeito baixo e com um perfil bastante cómico e com essa particularidade, surgiu o Rato, o tal criminoso de 50 olhos e frenético que tinha idealizado. O Pires tinha um aspecto que potenciava e muito o Bino e o Culatra foi idealizado como um "Bon Vivant" mas sem o glamour associado a este tipo de personagem. O Tone é um líder sem credibilidade que começa exactamente no seu nome… Tone. Uma mente brilhante do crime nunca se pode chamar Tone. Mas tem de ter todos os tiques de um sujeito que se acha bom e líder no meio da sarjeta. Em resumo foi olhar para os actores e depois olhar para aquilo que tinha idealizado para estas personagens e fazer uma "colagem".
Quais são, para quem gostaria de empreender o mesmo caminho que o Luís, as maiores dificuldades que irão encontrar em Portugal?
Creio que estás a falar de Cinema. A maior dificuldade que poderão encontrar é a descrença e o preconceito. Vivemos num país completamente agarrado a conceitos culturais bastante restritos, claramente intelectuais e elitistas e sem tolerância para produtos diferenciadores. Temos muita gente neste país que se leva muito a sério e depois criam barreiras a tudo que acham que não é "produto culturalmente aceitável". A definição quase bíblica e a compartimentalização de tendências cinematográficas, a fuga em pânico de tudo que é americano e o que eu apelido de "racismo cultural" é deveras evidente em Portugal. Além disso, temos uma classe jornalística de rédea curta, preconceituosa, pouco informada e com poucos hábitos de pesquisa. Mas as dificuldades são mesmo isso, dificuldades e cabe a quem está a iniciar carreira, seguir o seu caminho ignorando as críticas e fazendo aquilo que acredita.
O que se pode esperar da LightBox?
Pode-se esperar que consiga ultrapassar esta crise medonha e que consiga continuar a produzir cinema em Portugal. Luta-se por isso todos os dias.
É um pequeno grupo de pessoas que dá a cara do Balase Bolinhos 3. No entanto, imaginamos que muitas mais pessoas se tenham envolvido neste mega projecto... foram muito os intervenientes?
Ainda existe a ideia que o projecto balas é uma pessoa que está atrás de um computador algures na Lightbox. Neste último filme tivemos mais de 60 pessoas que colaboraram connosco e outras dezenas que orbitaram na sua periferia. Desde a pré-produção, até à rodagem e pós-produção a agregar neste projecto centenas de pessoas. Olhando para trás, foi uma verdadeira loucura o nível de investimento e complexidade técnica e humana deste último filme. Nada é deixado ao acaso e tudo é discutido e planeado antes de obter o "prime time".
Inspira-se no trabalho de outros actores e realizadores? Quais?
Sei que sou influênciado por outros autores. Só não sei por quem. Mas como qualquer autor que vê outros filmes e produtos audiovisuais, também eu recebo "inputs criativos". Tenho referências, gostos, mas tento ser o mais original possível.
E o futuro? Tem projectos cinematográficos em vista?
Tenho muitos projectos e veremos se algum dia chegam ao cinema. Estou a escrever 3 argumentos e veremos qual deles tem a sorte de ser produzido.
O nosso anterior entrevistado, o escritor e autor de palavras cruzadas Paulo Freixinho, teve como desafio deixar uma pergunta ao próximo entrevistado sem saber de quem se tratava (Pode ver a entrevista aqui: (http://flamesmr.blogspot.pt/2013/03/entrevista-ao-autor-paulo-freixinho.html). A pergunta foi a seguinte: “Faz Palavras Cruzadas?... ;-)"
Não costumo fazer palavras cruzadas. O mais perto que estou de o fazer é preencher a declaração do IRS.
Se pudesse, o que é que perguntaria ao próximo autor ou autora (ainda a definir) que iremos entrevistar? Costuma ver cinema português?
Confesso que também era uma dessas pessoas que não gostava de cinema português. Mas foi graças ao primeiro filme de "Balas e bolinhos" que mudei de opinião e comecei a ver mais produções portuguesas.
ResponderEliminarObrigado Luís Ismael e companhia!!
Obrigada à equipa do Balas e Bolinhos, e obrigada João pelo comentário :)
EliminarO cinema português ficou mais rico com esta triologia hilariante, desejo o maior sucesso ao Luís Ismael, assim como para toda a equipa do "Balas". Espero que esses projectos saiam do papel muito em breve.
ResponderEliminarEstamos todos em pulgas Alípio! :) vindo "dali" só pode ser coisa boa :)
ResponderEliminarLuís, preencher uma grelha de Palavras Cruzadas, geralmente, deixa-nos mais ricos, ao contrário da tal declaração... ;-)... Boa Sorte para a tua LightBox... abraço (amplexo)... ;-)...
ResponderEliminarO Luís é assim.. super brincalhão! :) Mas uma coisa é verdade... acho que preencher o IRS não deixa ninguém mais rico, antes pelo contrário ahahaha ;) boa observação Paulo! ;)
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