Ano de Edição: 2010
Género: Drama
Autor: Lionel Shriver
* Por Mariana Oliveira *
A primeira vez que me deparei com a
premissa do livro “We need to talk about Kevin” percebi de imediato que me
encontrava perante uma leitura que iria deixar marcas. Contudo, nem sequer esse
facto me preparou para aquilo com que estava prestes a deparar-me...
Sinopse:
“Eva nunca quis ser mãe, especialmente de Kevin, que há dois anos matou
sete colegas da escola, um funcionário do bar e uma admirada professora que
tentou compreendê-lo. Tudo isto dois dias antes de completar dezasseis anos, e
agora o rapaz vive numa prisão temporária para jovens delinquentes. Ao contar a
história do filho em cartas endereçadas ao marido, agora separado dela, Eva
expõe os seus receios face à maternidade e à influência que pode ter exercido
no desenvolvimento da personalidade de Kevin. Até que ponto poderá ela ser
culpabilizada?”
Opinião:
Confesso
que o início desta leitura não foi fácil. A escrita floreada da autora
dificultou-me a vida e sei que há quem critique este livro precisamente por
causa da aparente incapacidade que a autora tem de escrever uma frase de uma
forma simples e directa. Para Lionel Shriver, cada parágrafo representa uma
oportunidade ideal para demonstrar o quão bem consegue escrever e como consegue
brincar com as palavras a seu bel-prazer. Contudo, depois de me acostumar a
este estilo de escrita consegui mergulhar nesta história que me levaria ao que
de mais negro o ser humano pode ter dentro de si.
Ler as
cartas de Eva permitiu-me de uma forma íntima ficar a conhecer o dia-a-dia de
uma mulher que ao longo de vários anos sempre acreditou que o seu filho tinha
uma natureza má apesar de o seu marido a acusar de estar a imaginar coisas
acerca de uma criança perfeitamente normal.
Como
leitora achei difícil tomar partido: é evidente que Kevin desde tenra idade
mostra claros sinais de maldade e um estranho regozijo perante o sofrimento dos
outros. Contudo, o facto de Eva desde o início ter encarado o seu filho como
alguém anormal poderá ter feito com que Kevin desenvolvesse essa personalidade?
A autora apresenta-nos uma questão
complexa: foi a natureza maldosa de Kevin que provocou o afastamento da sua mãe
ou foi a atitude fria desta que fez com que o filho crescesse com sentimentos
tão obscuros dentro de si?
Apesar de
saber à partida que Kevin iria assassinar várias pessoas na sua escola, nada
poderia ter-me preparado para aquele final. A surpresa, o choque que senti ao
ler com pormenor tudo aquilo que o jovem fez. A descrição das mortes, da
aflição e incredulidade das vítimas mexeu de tal maneira comigo que em poucas
páginas senti uma série de emoções que foram desde a tristeza, ao choque até à
raiva.
Dificilmente
encontro um livro que me arrebate desta forma e que perdure comigo durante
tanto tempo. É que finda a leitura de “We need to talk about Kevin” passei
literalmente dias a pensar no livro. A sua intensidade e os assuntos que aborda
são tão fortes que considero esta obra uma das que mais impacto teve em mim em
toda a minha vida.
Recomento
este livro mas com as devidas cautelas pois o tema é bastante forte e acredito
que nem todos os leitores conseguirão “digerir” esta leitura.
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