Título em Portugal: Ensaio sobre a cegueira
Ano: 2008
Género: Drama, Thriller
Realizador: Fernando Meirelles
O filme Ensaio sobre a cegueira representa uma das raríssimas vezes em que seguimos o caminho “mais fácil” e vimos o filme sem ter lido o livro. Tal não foi por acaso, já que o livro é escrito pelo único Prémio Nobel da literatura português – José Saramago. Contudo, mesmo sendo um escritor reconhecido mundialmente, não conseguimos gostar do seu tipo de escrita (tendo desistido de ler os seus livros há muito tempo) e, por isso mesmo, optámos por ver o filme para ficar a conhecer esta história da qual já tínhamos ouvido falar inúmeras vezes.
Em o Ensaio sobre a Cegueira é-nos apresentado um mundo que é abalado por uma repentina e misteriosa epidemia que causa a cegueira completa a quem por ela é afectado. Assim, todos os que ficam cegos são colocados em quarentena a fim de evitar a propagação de tal epidemia. Contudo, a protagonista, mesmo não tendo sido afectada, não quer separar-se do seu marido que tal como muitas pessoas ficou cego e, assim, decide fingir que perdeu a visão e acompanha-o para o locar reservado para a quarentena. A partir daqui, acompanhamos o dia-a-dia de um conjunto de pessoas cegas e vemos de que forma constroem a sua comunidade: regras, deveres, direitos, etc.
O filme, sem ser dos nossos preferidos, acaba por ser muito interessante pois leva-nos a pensar e reflectir sobre a sociedade actual, mais precisamente, na forma como reagiríamos se fossemos realmente afectados por tal epidemia. E, de facto, ficámos com a impressão de que a ideia de civilização que todos partilhamos e de que tanto nos orgulhamos cairia por terra assim que nos encontrássemos na situação dos personagens do filme.
O único ponto negativo a apontar é o facto da protagonista fugir completamente ao tão conhecido provérbio “Em terra de cegos, quem tem olho é rei”. Não conseguimos perceber como é que alguém na posição dela, a única com visão no meio de todas as pessoas em quarentena, conseguiu assumir uma atitude tão passiva, deixando que crimes fossem cometidos por pessoas que ela conseguiria dominar com a maior das facilidades. Mas mesmo assim, este é um filme que, sem sombra de dúvidas, vale a pena ser visto.
Aqui fica o trailer:
Bons filmes!
Já vi este filme e gostei bastante! Agora estou a ler o Memorial do Convento e o Ensaio Sobre a Cegueira era um livro que gostaria muito de ler!
ResponderEliminarAinda não vi, mas tenho muita curiosidade, em ver o filme e ler o livro.
ResponderEliminarA minha sugestão passa pelo 1, 2, 3 : 1 dia para ler o livro; 2 horas para ver o filme; 3 décadas para meditar.
ResponderEliminarA sequência pode não ser cumprida, mas os 3 passos são obrigatórios!
HJ
Ora bem, antes de tecer as minhas considerações relativamente ao filme tenho de dar os meus parabéns à Reviewr uma vez que acredito que este foi o melhor post que já escrever no Flames! Parabéns. Gostei muito da linguagem.
ResponderEliminarE concordo plenamente com tudo o que foi referido. Acho uma grande idiotice ela se ter submetido ao que se submeteu tendo ela a possibilidade de ver.
Mas...
a verdade é que se não fosse assim o saramago já não tinha nada para escrever.
Quanto ao livro: Não o li nem faço tensões de ler. Li só uma coisa dele e a minha opinião é que se ele tivesse juizinho tinha escrito da maneira que toda a gente escreve e não se aramava eu especial e se põe a escrever daquela maneira. Até pode ter escrito bons livros, mas não me parece que tivesse de ter necessidade de se armar em especial a escrever daquela forma.
Pessoalmente, não gosto dele! Nunca gostei (e neste momento vou ser deserdada pela minha mãe). E por isso: VIVA-OS-FILMES-FEITOS-DE-LIVROS-QUE-NÃO-ME-APETECE-LER.
Bem, aqui deixo as minhas opiniões. Bons FLAMES a todos!
Enfim este filme é razoável. A profundidade do filme está apenas no conteúdo do livro, portanto não há grande mérito para os escritores, mas a verdade é que fizeram uma boa adaptação do livro.
ResponderEliminarO saramago, apesar dos seus hábitos um tanto quanto irritantes xD, sabe criar uma história e no filme nota-se isso.
Em todo o caso, este filme faz exactamente aquilo que a reviewer disse, faz pensar sobre a natureza humana e enquanto que nós pensamos ser pessoas decentes, face à adversidade, todos nós nos transformamos em monstros. Não passa de uma máscara, na verdade este mundo é comer ou ser comido.
Aconselho toda a gente a ver o filme ou a ler o livro (se tiverem paciência eh eh)
Bem, desculpem a nossa demora em responder aos vossos comentários. Aqui vai:
ResponderEliminarVera, assim que tenhas oportunidade, vê o filme pois vale mesmo a pena (em relação ao livro...bem, se gostares de Saramago ou quiseres ficar a conhecê-lo fazes muito bem em ler).
HJ, essa sugestão é deveras interessante, até porque sublinha a necessidade de meditarmos após o visionamento do filme para que a sua principal mensagem não passe despercebida.
Roberta, não podíamos estar mais de acordo com aquilo que disseste. Como se costuma dizer: tiraste-nos as palavras da "ponta dos dedos" ;)
Remolha,pelo teu comentário acreditamos que tenhas lido o livro, por isso não contestamos que o grande interesse do filme tenha a sua origem naquilo que Saramago escreveu e que os argumentistas não tenham tido "um grande trabalho", como se costuma dizer. E se assim for, então Saramago sabe REALMENTE criar uma boa história. E, infelizmente, temos que concordar contigo quando que dizes que "este mundo é comer ou ser comido".
Devo dizer que as primeiras páginas foram complicadas... Mas agora já está a ir melhor :)
ResponderEliminarmesmo que não queira, tenho mesmo de o ler, por isso...
Vim retribuir a visita que vocês fizeram ao Desinformação Seletiva e estou tendo uma ótima surpresa. Muito bom o blog!
ResponderEliminarE este post também. Até me animou a ver o filme, embora eu já tenha lido o livro. Acho-o o melhor romance de Saramago, dentre os cinco que li. Estranho, a julgar pelos comentários aqui, que ele não seja tão querido e admirado em sua pátria quanto o é na maior parte do mundo, inclusive no Brasil. Quanto ao que a Roberta comentou, "se ele tivesse juizinho" e escrevesse como toda a gente escreve, não seria o grande Saramago; não seria sequer um escritor medíocre como, por exemplo, o brasileiro Paulo Coelho que, ainda assim, escreve um pouquinho menos mal que a média dos leitores daqui.
Parabéns pelo blog!
Bjs
Anga Mazle, antes de mais queremos agradecer a tua visita.
ResponderEliminarEm relação a Saramago e à forma como ele é visto em Portugal muita coisa haveria a dizer. Digamos que há quem o ame (pois ele é considerado um dos mais conceituados escritores portugueses de todos os tempos) e quem não goste assim tanto dele (a ajudar a isso está não apenas o seu estilo de escrita que não agrada a toda a gente, incluindo a nós, mas também algumas polémicas que ele alimentou no nosso país ao longo da sua vida; polémicas essas que o levaram a mudar-se para Espanha e a viver lá até ao fim dos seus dias). Contudo, as críticas aqui apontadas ao escritor assentam na sua forma de escrever (que como já dissemos não nos fascina particularmente)e não nas suas "lutas" com a Igreja Católica, das quais nos abstemos completamente.
Continua a visitar-nos!
Livro e filme dos meus preferidos também.
ResponderEliminarAqui só encontro gostos identicos aos meus!