Pedro Jardim é um autor português nascido em 1976 em Lisboa. As suas duas obras Crónicas do Avô Chico (2011) e A Senhora da Tapada (2012) têm sido um verdadeiro sucesso.
Apesar de ter nascido em Lisboa, é às gentes de Vila Viçosa que se sente mais próximo. A escrita é apenas uma das suas paixões... vamos, de seguida, conhecê-lo um pouco melhor...
Nacionalidade: Portuguesa
O seu Filme favorito: Cidade dos anjos.
O seu Livro favorito: As palavras que nunca te direi
O seu Anime favorito: Dragon Ball.
O seu Manga favorito: Não tenho
O seu Evento/Espectáculo de música/Programa de Entretenimento favorito: 5 para a meia noite.
A sua Série de televisão favorita: Sobrenatural.
Quando é que percebeu que queria ser
escritor?
R: Em primeiro lugar, queria
agradecer a amabilidade que, a Mariana e a Roberta, tiveram em me convidar para
vos ceder esta entrevista. Vocês são umas queridas e é, para mim, um privilégio
deixar umas palavras aos vossos seguidores. Em relação à vossa primeira
questão, posso dizer-vos que escrevo desde que me lembro. Foi desde muito cedo que
comecei a ter gosto e apetência para a escrita, pois escrevia os meus
pensamentos, as minhas ideias e os meus sentimentos, tal como o faço,
seriamente, nos dias de hoje. Recordo-me muito bem quando escrevia poesia pela
noite dentro, apesar de ainda não ter editado nenhum livro desse género
literário. Escrever é uma coisa, ser escritor, ou desejar ser um escrevente com
consistência é outra completamente diferente. Essa vontade cresceu e amadureceu
há pouco mais de 3 anos, quando comecei a escrever a minha primeira obra
literária: As Crónicas do Avô Chico,
editada pela Chiado Editora. Foi a partir dessa altura, com esta minha singela
homenagem, a um grande homem, o meu avô materno Francisco da Silva Jardim, que
me apercebi que não queria apenas escrever e guardar o que escrevia para mim.
Senti que estava na altura de as pessoas (leitores) puderem ler aquilo que
escrevia. E confesso, tem sido uma partilha extremamente gratificante.
É fácil ser-se escritor em Portugal?
R: A esta questão vou
responder sem rodeios, a pergunta assim o merece e quem sabe, possa esclarecer
alguém que deseje editar um livro: é fácil editar livros em Portugal, desde que
se paguem as edições (ponto). Ser-se autor nestas condições é simples, basta
ter-se disponibilidade financeira, pesquisar no Google as dezenas, ou centenas de editoras que existem no nosso
país, ou, quem sabe, estrangeiras, como é o caso brasileiro, e procurar a quem
queira editar. Agora ser-se escritor e ter uma editora que nos abrace, na
ascensão da palavra, não é nada fácil, e isto até para os autores, ditos,
conhecidos da praça. Hoje em dia, com a conjectura actual de recessão, ser-se
escritor é muito difícil em Portugal, as editoras estão a fechar as portas a
muita gente. Mesmo assim, eu falo por mim, não me posso queixar e não se
preocupem, o cenário não é assim tão negro, têm é batalhar o dobro, estudar
muito (fundamental) e procurar as oportunidades nos tempos certos.
Em ambas as suas obras, “Crónicas do Avô Chico” e “A
senhora da Tapada”, fala de experiências vividas por si e pela sua família.
Que importância tem para si transpor as suas memórias para o papel?
R: Ter escrito estas
duas obras, as minhas primeiras obras literárias, sobretudo passar para o papel
as minhas vivências de infância, foi de uma importância sem igual, tal como
dizia o meu avô Chico, “não há palavras”.
São dois livros de homenagem, como já referi em relação às Crónicas do Avô Chico, que dediquei ao meu avô materno, o meu avô
Chico, e o segundo, é igualmente uma dedicatória, desta feita a quem me deu a vida,
os meus pais: a minha mãe, Clara Jardim e ao meu pai, Joaquim Barradas. Fazer
isso, deu-lhe uma alegria imensa pois, creio, ter conseguido imortalizar os
nossos momentos de comunhão, de alegria e de descoberta. Eu era um menino, com
a idade do meu filho, 6/7 anos de idade e que viajava desde a capital até ao
meu querido Alentejo, a Vila Viçosa. Isso era para mim uma verdadeira façanha,
pois vivia, todos os dias com os meus avós, muitas aventuras: ia às amoras; aos
figos; passeava nos olivais; apanhava azeitona, tudo o que um menino da cidade
não podia fazer… e os jogos tradicionais!, nem vos conto. Adorava jogar a todos
eles e aprendi com os meus tios a jogar ao pião, à pateira, ao espeta, ao
berlinde, a lançar papagaios, entre outras coisas mais. Além desta parte mais
íntima, as minhas vivências, há outra vertente para mim crucial, é o poder
levar às pessoas e aos mais jovens, o conhecimento da terra, das gentes, das
tradições, da gastronomia alentejana e dos nossos costumes. São dois livros que
podem ser bastante educativos a esse nível e está a colher muitos frutos no
seio escolar e isso deixa-me muito feliz. É extremamente importante que não
percamos a nossa identidade, por isso considero que é fundamental passar esta
informação para as gerações vindouras.
O que achou a sua família da ideia de descrever
episódios por vocês vividos nos seus livros a fim de que fossem lidos por
milhares de pessoas?
R: A minha família directa
gostou muito e apoiou-me bastante. Para mim não faria qualquer sentido se
escrevesse as minhas crónicas sem sentir que tinha o seu apoio incondicional.
Ficaram também muito felizes ao saber que os meus livros já podem ser encontrados
nos quatro cantos do mundo e que têm tido o sucesso que já alcançaram, é um
orgulho enorme, para mim e para todos eles, tenho a certeza.
Nos seus dois livros retrata aspetos importantes
e tradicionais do Alentejo. Acreditamos que isso tenha uma grande importância
histórica e cultural. Fê-lo de forma propositada?
R: Claro que sim! Como
referi, foi de fulcral importância o descrever e escrever em livro as minhas
vivências, as quais fiz questão de estarem sempre de mãos dadas com as nossas
tradições, não só as alentejanas, mas sim também a portuguesa. São essas
tradições e os nossos costumes que pretendo levar ao conhecimento de todos,
para que não se percam. É com tristeza que verificamos, todos os dias, rupturas
da nossa identidade, muito por causa do progresso ou do fenómeno da
globalização, na sua parte negativa em relação à aculturação por parte de
outros países e outras culturas. Mas se estes fenómenos têm os seus aspectos
negativos, também têm aspectos positivos, não é? Porque não aproveitar as novas
tecnologias, as novas plataformas, para se promover o que é nosso, aprofundar as
nossas raízes, os nossos costumes, no fundo, mostrar ao mundo quem são os portugueses.
Apostei bastante na transmissão da gastronomia alentejana, quando falo nas
sopas de tomate, na açorda, ou nas azeitonas, mas também em factos históricos,
por exemplo quando falo da batalha dos Montes Claros, uma batalha muito
importante para a nossa nação, uma batalha que se desenrolou bem perto de Vila
Viçosa. São pois, com esses episódios que poderemos reviver, não só voltar à nossa
infância, bem como recuar e experienciar acontecimentos que foram muito importantes
na nossa História, enquanto país.
Qual tem sido a reação do público ao seu
trabalho? Tem sido aquilo de que estava à espera?
R: Eu, sinceramente,
nunca esperei nada. Aquilo que me motivou a escrever o meu primeiro livro foi a
perda do meu avô e o forte sentimento que senti na altura. Só pensei nisso mais
tarde, quando me apercebi que a obra foi muito bem acolhida. É com muita
satisfação que constato que o meu primeiro livro está prestes a chegar à 3.ª
edição; o segundo à 2.ª, e tenho tido críticas fantásticas, mas sei que tenho
ainda um longo caminho a percorrer, certo e convicto que, com determinação e
força de vontade se vai a todo o lado.
Já tem algum projeto novo em mente? Um
terceiro livro a caminho?
R: Não diria projecto:
são mais projectos, sim!, é verdade. Em breve, espero ainda no primeiro
semestre deste ano, lançar com uma editora de reconhecido valor, o meu primeiro
livro infantil, que se intitulará A
Gaiola Dourada. Será um projecto que os mais novos irão gostar muito, o
qual fiz em conjunto com a minha querida amiga Sofia Bragança, que fez todas as
ilustrações dessa obra, um trabalho fenomenal. Ainda este ano, terei pelo menos
mais duas contribuições em antologias poéticas e outra num livro de contos.
Tenho apostado, sobretudo, na minha formação ao nível da escrita criativa o que
tem ajudado imenso. Estou a meio de um curso com a minha amiga, escritora Margarida
Fonseca Santos, o segundo com ela, “Escrever para Crianças II” e estou a
preparar-me para tirar um outro curso de romance, com o escritor, bem
conhecido, João Tordo; será um grande privilégio receber os seus ensinamentos,
tal como os que recebo da Margarida.
Se pudesse, o que é que perguntaria ao próximo autor ou autora que iremos entrevistar?
R: Qual a sua fórmula
mágica para o sucesso no mundo literário?
Obrigada ao escritor Pedro Jardim por esta oportunidade e pela sua disponibilidade!!! :)
Site do autor - http://jrradas.wix.com/pedrojardim