domingo, 24 de fevereiro de 2013

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2ª Entrevista: João Cunha Silva (escritor)





Foi através da sua primeira obra "A Maria da Lua" que conhecemos o autor João Cunha Silva. Nascido a 10 de Março de 1978 na freguesia de Crestuma, Vila Nova de Gaia, iniciou o seu percurso escolar em 1984. Licenciado em Línguas e Literaturas Modernas pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, é professor, formador e, mais recentemente, escritor. Vamos conhecê-lo melhor...

Qual é a sua nacionalidade: Portuguesa
 O seu Filme favorito: O Clube dos Poetas Mortos
O seu Livro favorito: A Noite do Oráculo – Paul Auster / Song of Solomon – Toni Morrison
O seu Anime favorito: Phineas e Ferb
O seu Manga favorito: Não tenho
O seu Evento/Espectáculo de música/Programa de Entretenimento favorito: The Wall - Pink Floyd
A sua Série de televisão favorita: Fringe
 
"A Maria da Lua" é, do nosso conhecimento, o seu primeiro livro. Diga-nos: porquê a escolha desta "temática" para iniciar a sua carreira de escritor?
R: É na verdade o meu primeiro livro publicado, mas tenho muitos pedaços de escrita espalhados pelos anos: poemas; histórias inacabadas; projetos de romances...A Maria da Lua surgiu de forma muito natural a partir de conversas com a minha filhota acerca da Lua e funcionou como uma espécie de reconciliação com a escrita sistemática. Tenho de confessar que, por volta dos 17 anos, fiz uma promessa a mim próprio que só voltaria a escrever quando tivesse as minhas cicatrizes da vida, quando sentisse a minha voz como genuína. Quando esta história surgiu aos poucos na minha cabeça,
surgiu límpida, sentida e genuína. Vi que ao ler-me, que é dos exercícios mais difíceis para quem escreve (pelo menos para mim) aquilo além de corpo, também tinha alma. A minha voz está lá, reconheço-me, faz-me sentido e só por isso é que arrisquei a partilha. Ser pai arrastou-me para este mundo de sonho e magia e para a necessidade de contar histórias.
Quanto a ser escritor, não penso seriamente que o sou, nem penso neste livro como o início de uma carreira. Mas depois de forma escondida e sem o dizer muito alto, pergunto-me : "E porque não tentar?"


Considera que é mais fácil ou mais difícil escrever um livro para um público tão jovem comparativamente com um público mais maduro?
R:Sinceramente não sei responder se é mais fácil, pois temos necessariamente que agradar a dois públicos diferentes, aos pequenotes a quem a história realmente se destina e aos adultos que fazem a mediação entre o livro e a criança. Tem de existir aqui uma cumplicidade a três: o autor, a criança e o adulto (pais, professores, educadores). No final quem faz a escolha do livro são os adultos, por isso, o autor tem de estabelecer a ligação entre os dois Mundos e isso nem sempre se consegue.
Não coloco menos rigor quando escrevo para crianças,  até acho que tenho de ter mais, pois dirige-se a leitores que ainda estão em "construção" e por isso requerem mais cuidado.


Como tem sido a reacção do público ao seu livro? Era aquilo de que estava à espera?
R: Os comentários têm sido positivos, mais ainda está tudo no início, não consigo ter uma noção exata para um balanço. Acho que ainda me falta ter uma base de leitores mais alargada e mais afastada das minhas relações pessoais. Se apenas ouvirmos os que nos estão mais próximos ficará sempre a dúvida se o comentário é por simpatia ou se é realmente verdadeiro. No entanto, sei que está a ser trabalhado em algumas escolas e tem tido uma boa reação, o que muito me agrada.
Sou muito crítico do meu trabalho e acredito que tem valor, mas... no fim é como um sabonete (perdoem-me a comparação) se não tiver uma boa promoção, ser não tiver uma cara famosa com ele na mão, ser não tiver um Professor Marcelo a recomendá-lo, passará discreto, como muitos. A parte comercial é a que me atrai menos em toda esta história de ser "escritor", com a qual terei de me habituar. Mas por isso é que o meu livro não é uma edição de autor. Fico a aguardar pelo trabalho da editora. Quanto a mim, vou fazer o melhor que posso e sei para defender o meu livro.
Pensa que os seus próximos livros serão do mesmo género? Ou tem algo de diferente "na manga"?
R: Não escondo que me dá muito gozo escrever para crianças e espero continuar a ter a mesma vontade de escrever histórias para os mais novos. É com os mais novos que podemos criar novos leitores e principalmente cidadãos mais conscientes e livres. Lembro-me de estar sempre rodeado de livros em criança, lembro-me de ter devorado os livros "Uma Aventura" e sonhado com as histórias de Sophia. Sei que fiz o meu trajeto como leitor, lendo. Valorizo muito o que li, para aquilo que hoje sou. Por isso, na era do digital, acho cada vez mais importante a relação que se estabelece com o objeto livro. O toque, o cheiro, o virar a folha... Mas ler é ler e não importa muito o formato.
Sobre o que tenho na manga: acabei há dias um novo conto infantil e já o propus para publicação. Vamos a ver no que dá... Podem acompanhar o meu crescimento em https://www.facebook.com/PintasEOOssoDeDinossauro .
Estou neste momento a escrever um romance com o nome provisório de "Projeto L", em que a história apesar de estar concluída na minha cabeça, não está terminada no papel.
Escrevo também poesia e um dos meus poemas ("Molhei os pés no rio"), que poderão consultar em dedos.blogspot.com , sairá em Março na "Antologia de Poesia Contemporânea - volume IV", organizada pela Chiado Editora.
Como se pode ver, a minha voz expressa-se de diversas formas e de diversos modos. Cada caminho que eu escolher para seguir me levará inevitavelmente a outro. O que tiver de acontecer, acontecerá.
Não perco muito tempo a pensar nisso.


Para além da Lua, que outros "astros" gostaria de alcançar?
R: Pode parecer brincadeira, mas enquanto os meus amigos de infância queriam ser bombeiros, polícias, professores... eu queria ser astronauta. O infantário que frequentei (Centro Infantil de Crestuma), levou-nos mesmo aos locais das nossas profissões de sonho e eu fui à NASA possível, ou seja, ao Centro de Astronomia do Monte da Virgem, em Gaia. Cedo percebi que, sendo português, não seria astronauta. Sendo assim, a escrita surge, agora, como a minha saída para fora da atmosfera.
Gosto muito de astronomia e um dos meus passatempos é ficar na varanda, ao frio, a espreitar os astros pelo telescópio. Inspira-me ter consciência do grão de poeira universal que somos. Ainda sonho ver o planeta Terra de outra perspetiva.
Quando me referi no livro "... agora faltam os outros astros!" aponto claramente para um percurso que pretendo fazer na literatura, referindo que o livro "A Maria da Lua" não foi um caso episódico e que a minha voz andará por aí. Tenho muitas histórias para contar se alguém quiser ler e ouvir (e editar).


Sabemos que gosta muito da sua terra (Vila Nova de Gaia). Que locais aconselha aos nossos seguidores a visitar na sua cidade?
R: Gosto muito de Vila Nova de Gaia e identifico-me perfeitamente com a região e com a cidade do Porto. Nos últimos 15/20 anos a evolução de Vila Nova de Gaia foi tremenda, tem uma linha de praias magnífica, uma linha de rio fantástica, onde se destaca a zona das caves do Vinho do Porto, com os seus bares e restaurantes. É em Gaia que está o TEP, o Zoo de Sto. Inácio, a ELA, o Parque Biológico...
Mas vivo e sou natural de Crestuma, uma terra com tantos anos e histórias que remontam aos tempos pré-romanos, como demonstraram as mais recentes escavações no Sítio Arqueológico do Castelo. Uma terra sobre a qual existem registos escritos do ano de 922, anterior à nossa nacionalidade. Por isso, aconselho a visitarem Crestuma. Venham fazer os trilhos do Parque Botânico do Castelo e Sítio Arqueológico, dar uma volta nas canoas do Clube Náutico de Crestuma no rio Douro e tragam máquina fotográfica e muitos cartões de memória porque as vistas são fantásticas.


O nosso primeiro entrevistado, o escritor Pedro Jardim, teve como desafio deixar uma pergunta para o próximo autor sem saber de quem se tratava. A pergunta foi a seguinte: "Qual a sua fórmula mágica para o sucesso no mundo literário?"
R: Ora bem... raspa de limão, uma pitada de noz-moscada, canela e muito café para noites longas... ah quem me dera saber! Mas primeiro teríamos de encontrar consenso acerca da palavra "sucesso". Se o sucesso for medido pelas vendas, para ter sucesso é preciso constar nos tops das livrarias e para isso é necessário escrever relativamente bem e ter uma boa máquina de relações públicas. Se sucesso for a capacidade de criar algo de novo no cérebro do leitor, na capacidade de abrir horizontes e de criar alternativas de pensamento, para isso é necessário ser autêntico, ter uma voz verdadeira e inovar, de alguma forma, o histórico literário de uma língua.


Se pudesse, o que é que perguntaria ao próximo autor ou autora que iremos entrevistar?
R: O faria se fosse proibido escrever?

Obrigada ao escritor João Cunha Silva pela sua enorme disponibilidade!


  

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4 comentários:

  1. Admiro os escritores que se "aventuram" pelo Mundo da escrita infantil. É preciso coragem para escrever para um público que absorve todas as histórias que lhes contam e que, realmente, vive com os protagonistas dos livros as suas aventuras.
    Os meus parabéns ao autor João Cunha Silva

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    Respostas
    1. Tudo bem , João , sou aquele do colégio la salle de Barcelos da turma 6ºB que te disse que o carro do te sobrinho estava partido.

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  2. Que óptimo Ana :) e por acaso concordamos consigo ;) Parabéns ao autor, e esperamos novos trabalhos. É bom ver autores portugueses e apoiá-los :)

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