sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

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1ª Entrevista: Pedro Jardim (Escritor)





Pedro Jardim é um autor português nascido em 1976 em Lisboa. As suas duas obras Crónicas do Avô Chico (2011) e A Senhora da Tapada (2012) têm sido um verdadeiro sucesso. 
Apesar de ter nascido em Lisboa, é às gentes de Vila Viçosa que se sente mais próximo. A escrita é apenas uma das suas paixões... vamos, de seguida, conhecê-lo um pouco melhor...

Nacionalidade: Portuguesa 

O seu Filme favorito: Cidade dos anjos.
O seu Livro favorito: As palavras que nunca te direi
O seu Anime favorito: Dragon Ball.
O seu Manga favorito: Não tenho
O seu Evento/Espectáculo de música/Programa de Entretenimento favorito: 5 para a meia noite.
A sua Série de televisão favorita: Sobrenatural.

Quando é que percebeu que queria ser escritor?

R: Em primeiro lugar, queria agradecer a amabilidade que, a Mariana e a Roberta, tiveram em me convidar para vos ceder esta entrevista. Vocês são umas queridas e é, para mim, um privilégio deixar umas palavras aos vossos seguidores. Em relação à vossa primeira questão, posso dizer-vos que escrevo desde que me lembro. Foi desde muito cedo que comecei a ter gosto e apetência para a escrita, pois escrevia os meus pensamentos, as minhas ideias e os meus sentimentos, tal como o faço, seriamente, nos dias de hoje. Recordo-me muito bem quando escrevia poesia pela noite dentro, apesar de ainda não ter editado nenhum livro desse género literário. Escrever é uma coisa, ser escritor, ou desejar ser um escrevente com consistência é outra completamente diferente. Essa vontade cresceu e amadureceu há pouco mais de 3 anos, quando comecei a escrever a minha primeira obra literária: As Crónicas do Avô Chico, editada pela Chiado Editora. Foi a partir dessa altura, com esta minha singela homenagem, a um grande homem, o meu avô materno Francisco da Silva Jardim, que me apercebi que não queria apenas escrever e guardar o que escrevia para mim. Senti que estava na altura de as pessoas (leitores) puderem ler aquilo que escrevia. E confesso, tem sido uma partilha extremamente gratificante.

É fácil ser-se escritor em Portugal?
R: A esta questão vou responder sem rodeios, a pergunta assim o merece e quem sabe, possa esclarecer alguém que deseje editar um livro: é fácil editar livros em Portugal, desde que se paguem as edições (ponto). Ser-se autor nestas condições é simples, basta ter-se disponibilidade financeira, pesquisar no Google as dezenas, ou centenas de editoras que existem no nosso país, ou, quem sabe, estrangeiras, como é o caso brasileiro, e procurar a quem queira editar. Agora ser-se escritor e ter uma editora que nos abrace, na ascensão da palavra, não é nada fácil, e isto até para os autores, ditos, conhecidos da praça. Hoje em dia, com a conjectura actual de recessão, ser-se escritor é muito difícil em Portugal, as editoras estão a fechar as portas a muita gente. Mesmo assim, eu falo por mim, não me posso queixar e não se preocupem, o cenário não é assim tão negro, têm é batalhar o dobro, estudar muito (fundamental) e procurar as oportunidades nos tempos certos.

Em ambas as suas obras, “Crónicas do Avô Chico e A senhora da Tapada, fala de experiências vividas por si e pela sua família. Que importância tem para si transpor as suas memórias para o papel?
R: Ter escrito estas duas obras, as minhas primeiras obras literárias, sobretudo passar para o papel as minhas vivências de infância, foi de uma importância sem igual, tal como dizia o meu avô Chico, “não há palavras”. São dois livros de homenagem, como já referi em relação às Crónicas do Avô Chico, que dediquei ao meu avô materno, o meu avô Chico, e o segundo, é igualmente uma dedicatória, desta feita a quem me deu a vida, os meus pais: a minha mãe, Clara Jardim e ao meu pai, Joaquim Barradas. Fazer isso, deu-lhe uma alegria imensa pois, creio, ter conseguido imortalizar os nossos momentos de comunhão, de alegria e de descoberta. Eu era um menino, com a idade do meu filho, 6/7 anos de idade e que viajava desde a capital até ao meu querido Alentejo, a Vila Viçosa. Isso era para mim uma verdadeira façanha, pois vivia, todos os dias com os meus avós, muitas aventuras: ia às amoras; aos figos; passeava nos olivais; apanhava azeitona, tudo o que um menino da cidade não podia fazer… e os jogos tradicionais!, nem vos conto. Adorava jogar a todos eles e aprendi com os meus tios a jogar ao pião, à pateira, ao espeta, ao berlinde, a lançar papagaios, entre outras coisas mais. Além desta parte mais íntima, as minhas vivências, há outra vertente para mim crucial, é o poder levar às pessoas e aos mais jovens, o conhecimento da terra, das gentes, das tradições, da gastronomia alentejana e dos nossos costumes. São dois livros que podem ser bastante educativos a esse nível e está a colher muitos frutos no seio escolar e isso deixa-me muito feliz. É extremamente importante que não percamos a nossa identidade, por isso considero que é fundamental passar esta informação para as gerações vindouras.

O que achou a sua família da ideia de descrever episódios por vocês vividos nos seus livros a fim de que fossem lidos por milhares de pessoas? 
R: A minha família directa gostou muito e apoiou-me bastante. Para mim não faria qualquer sentido se escrevesse as minhas crónicas sem sentir que tinha o seu apoio incondicional. Ficaram também muito felizes ao saber que os meus livros já podem ser encontrados nos quatro cantos do mundo e que têm tido o sucesso que já alcançaram, é um orgulho enorme, para mim e para todos eles, tenho a certeza.
Nos seus dois livros retrata aspetos importantes e tradicionais do Alentejo. Acreditamos que isso tenha uma grande importância histórica e cultural. Fê-lo de forma propositada?
R: Claro que sim! Como referi, foi de fulcral importância o descrever e escrever em livro as minhas vivências, as quais fiz questão de estarem sempre de mãos dadas com as nossas tradições, não só as alentejanas, mas sim também a portuguesa. São essas tradições e os nossos costumes que pretendo levar ao conhecimento de todos, para que não se percam. É com tristeza que verificamos, todos os dias, rupturas da nossa identidade, muito por causa do progresso ou do fenómeno da globalização, na sua parte negativa em relação à aculturação por parte de outros países e outras culturas. Mas se estes fenómenos têm os seus aspectos negativos, também têm aspectos positivos, não é? Porque não aproveitar as novas tecnologias, as novas plataformas, para se promover o que é nosso, aprofundar as nossas raízes, os nossos costumes, no fundo, mostrar ao mundo quem são os portugueses. Apostei bastante na transmissão da gastronomia alentejana, quando falo nas sopas de tomate, na açorda, ou nas azeitonas, mas também em factos históricos, por exemplo quando falo da batalha dos Montes Claros, uma batalha muito importante para a nossa nação, uma batalha que se desenrolou bem perto de Vila Viçosa. São pois, com esses episódios que poderemos reviver, não só voltar à nossa infância, bem como recuar e experienciar acontecimentos que foram muito importantes na nossa História, enquanto país.

Qual tem sido a reação do público ao seu trabalho? Tem sido aquilo de que estava à espera?
R: Eu, sinceramente, nunca esperei nada. Aquilo que me motivou a escrever o meu primeiro livro foi a perda do meu avô e o forte sentimento que senti na altura. Só pensei nisso mais tarde, quando me apercebi que a obra foi muito bem acolhida. É com muita satisfação que constato que o meu primeiro livro está prestes a chegar à 3.ª edição; o segundo à 2.ª, e tenho tido críticas fantásticas, mas sei que tenho ainda um longo caminho a percorrer, certo e convicto que, com determinação e força de vontade se vai a todo o lado.


Já tem algum projeto novo em mente? Um terceiro livro a caminho?

R: Não diria projecto: são mais projectos, sim!, é verdade. Em breve, espero ainda no primeiro semestre deste ano, lançar com uma editora de reconhecido valor, o meu primeiro livro infantil, que se intitulará A Gaiola Dourada. Será um projecto que os mais novos irão gostar muito, o qual fiz em conjunto com a minha querida amiga Sofia Bragança, que fez todas as ilustrações dessa obra, um trabalho fenomenal. Ainda este ano, terei pelo menos mais duas contribuições em antologias poéticas e outra num livro de contos. Tenho apostado, sobretudo, na minha formação ao nível da escrita criativa o que tem ajudado imenso. Estou a meio de um curso com a minha amiga, escritora Margarida Fonseca Santos, o segundo com ela, “Escrever para Crianças II” e estou a preparar-me para tirar um outro curso de romance, com o escritor, bem conhecido, João Tordo; será um grande privilégio receber os seus ensinamentos, tal como os que recebo da Margarida. 
Se pudesse, o que é que perguntaria ao próximo autor ou autora que iremos entrevistar? 
R: Qual a sua fórmula mágica para o sucesso no mundo literário?
Obrigada ao escritor Pedro Jardim por esta oportunidade e pela sua disponibilidade!!! :)
Site do autor - http://jrradas.wix.com/pedrojardim

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3 comentários:

  1. Obrigado, Mariana e Roberta.
    Foi um privilégio.
    Deixo-vos um grande beijinho,
    Pedro Jardim

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  2. Fiquei supreendida ao saber que editar um livro em Portugal pode ser, por vezes, tão penoso... O meu obrigada ao escritor Pedro Jardim pela sinceridade e pelo esclarecimento.
    Boa sorte para os seus próximos livros!

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  3. Olá, Ana Damasco.
    Obrigado pelas suas palavras. Deixo-lhe um grande beijinho.
    Pedro Jardim

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