Título Original: Wife 22
Ano de Edição: 2013
Género: Romance
Autora: Melanie Gideon
Editora: Editora Objectiva
Uma obra de estreia é um momento decisivo para qualquer escritor em início de carreira. A crítica tanto pode ser terrivelmente negativa, e quase arrasar por completo as hipóteses de uma carreira de sucesso, como pode fazer aquilo que fez com Melanie Gideon: elogiar entusiasticamente o seu primeiro trabalho e contribuír para que este esteja já presente em mais de 20 países e à espera da sua adaptação ao cinema, algo já anunciado.
A história é protagonizada por Alice, uma mulher de 44 anos casada com William há duas décadas. Quer seja pela crise de meia idade, quer seja pelos seus problemas no emprego, quer seja por outro motivo qualquer, a verdade é que, nos últimos tempos, Alice tem vindo a sentir-se cada vez mais triste e deprimida com a sua vida em geral, mas principalmente com o seu casamento.
Contudo, é quando decide participar num estudo anónimo sobre "o casamento e o amor" que a vida de Alice poderá sofrer uma grande mudança. É tudo muito simples: Alice adoptará o nome Wife22, o seu código atribuído pelo instituto que conduz o estudo, e responderá a um longo questionário fornecido pelo responsável pelo seu processo, o Investigador 101.
No entanto, a determinada altura, Alice começa a ver o Investigador 101 como seu confidente, como alguém a quem, graças ao anonimato de todo o processo, pode contar tudo sem correr o risco de ser julgada. E é então que Alice chega a uma assustadora conclusão: muito provavelmente está apaixonada por este misterioso homem. Mas será que esta paixão, por uma pessoa cuja identidade ela nem sequer conhece, justifica que Alice coloque um ponto final no seu casamento?
Aquilo que mais gostámos em "As mulheres casadas não falam de amor" foi a incrível capacidade que Gideon demonstrou possuir para criar um romance que, à partida, poderia ser confundido com a maioria dos romances protagonizados por mulheres na crise da meia idade, mas que acabou por diferenciar-se deste tipo de histórias que já muito pouco de novo têm para oferecer aos leitores.
Gideon, com este seu primeiro livro, exibe não só um sentido de humor brilhante e inteligentemente utilizado ao longo da história, como também uma capacidade singular para nos dar a conhecer as personagens, o seu passado bem como a sua situação presente, simultaneamente sem que isso se torne de alguma forma confuso; tudo graças à forma magistral como utiliza as respostas de Alice ao famoso questionário e, assim, permite ao leitor ir conhecendo a protagonista deste livro bem como aqueles que lhe são mais próximos de uma forma completamente original.
Outro aspecto que destaca "As mulheres casadas não falam de amor" da maioria dos romances é a forma como a autora cria uma história na qual as personagens estão em constante comunicação, 24h por dia, através do Facebook, e-mail ou twitter. Estas formas de comunicação assumem mesmo uma posição central ao longo de toda a obra. Mais interessante ainda, é o facto de o livro conter uma mensagem tão actual e que poderá aplicar-se à vida da maioria dos seus leitores: até que ponto as redes sociais e tecnologias de informação assumiram um papel central e fulcral nas nossas vidas? E de que forma é que o anonimato, sob o qual elas nos permitem viver, nos impele a revelar coisas que não temos coragem de revelar a ninguém face-a-face?
Para terminar, destacamos uma das grandes reflexões que Gideon nos deixa na sua obra e que acaba por ser a principal mensagem do seu livro: todos nós passaremos pelas mesmas fases da vida, rejubilaremos com momentos de extrema felicidade e enfrentaremos dificuldades à primeira vista intransponíveis, mas só mesmo permanecendo fiéis àquilo que sempre nos pareceu ser o mais correcto e buscando apoio naqueles que mais significado dão à nossa vida é que conseguiremos voltar a ver a luz ao fundo do túnel.
Um livro que recomendamos a todos aqueles que gostam de ler um bom romance mas que tenha uma mensagem com substância!
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