domingo, 18 de maio de 2014

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Evento: Showcase Fnac + 47ª Entrevista: Frankie Chavez (músico português)


No post de dia 29 de Abril mostrámo-vos o novo CD de Frankie Chavez, fresquiiiiinho, assim que chegou ao FLAMES (vejam aqui o post).
Desde esse dia que a rotina tem sido sempre a mesma: acordar, ligar o PC, CD, PLAY.
As manhãs começam sempre, agora, ao som da música electrizante e energética de Frankie Chavez.
Hoje tivemos a oportunidade e a honra de o vermos ao vivo e de o entrevistar pessoalmente.
Aqui fica!


Coimbra - 17 Maio 2014 - FNAC do FORUM Coimbra

Muitas foram as alturas em que me emocionei ao ouvi-lo ao vivo. Demonstrou que é um música fantástico, um artista brilhante! Com 3 guitarras, 1 harmónica e sozinho no palco, meteu mais de 50 pessoas a bater com o pé no chão ao som de 9 das músicas que constituem o novo álbum Heart and Spine:

1) Psychotic Lover (nº 6 no CD)
2) Long Gone (nº 2 no CD)
3) Sweet Life (nº 4 no CD)
4) Pine Trees (nº 5 no CD - instrumental)
5) Sail Upon Your Shore (nº 12 no CD)
6) I'm leaving (nº 9 no CD)
7) Heart and Spine (nº 3 no CD)
8) Fight (nº 1 do CD)
9) Voodoo Mama (nº 11 no CD)

Escusado será dizer que muitas delas foram tocadas com ligeiras (mas brilhantes) variações.


Frankie Chavez


Frankie Chavez é um artista/músico português que lançou um E.P. homónimo pela Optimus Discos. Inserido nas categorias Blues/Folk/Roots, Frankie Chavez toca em formato de "one man band" na maioria dos seus concertos. Em 2011 editou o álbum "Family Tree" e este ano "Heart and Spine". Estivemos à conversa com ele depois do seu Showcase na Fnac. Venham ver o que nos contou...

A todas as bandas/músicos, o FLAMES pergunta...

Porque escolheste este nome artístico?
Porque é uma derivação do meu nome. O meu nome é Joaquim Chaves e na altura estava a gravar com um produtor que me sugeriu arranjar um nome de palco mais sonante. Numa brincadeira, estávamos a viajar numa viagem de Aljezur para cima e, já não sei se fui eu se foi ele que sugeriu. De qualquer maneira, numa viagem que fiz a Barcelona, lá chamaram-me Chavez. Fizemos ali um trocadilho com as palavras e de um momento para o outro já estava no facebook e nas redes sociais, e acabou por ficar. 

Que artistas te inspiram?
Guitarristas! Gosto muito de Jimi Hendrix, Ben Harper, John Butler... Ultimamente tenho ouvido muito Band of Skulls e White Denim. Gosto muito de guitarristas de flamengo também. Geralmente são artistas que conseguem tocar uma música que toquem nas pessoas, e que me toque a mim pessoalmente.

Qual o local onde mais gostarias de tocar?
Essa é difícil (risos). Olha, gostava muito de tocar no Coliseu em Lisboa ou no Porto (risos). Acho que estes eram assim os próximos grandes marcos. Próximos quer dizer... ainda vai demorar... mas gostava muito de lá ir. 

Que cartaz ou mensagem gostarias que fosse erguido durante um dos teus concertos?
(Risos)... Não faço ideia, mas lembro-me de um que uma vez num festival dizia "Frankie, dá-me a tua boina" (risos). Fartei-me de rir. 

Lembras-te de alguma situação caricata que tenha acontecido num espectáculo?
Já me aconteceram algumas. Lembro-me que uma vez comecei um concerto e pisei um cabo... e a minha guitarra desliga-se. Numa Queima das Fitas já não sei onde.  Fiquei sem som. Ficar sem som logo na primeira música é do pior (risos).  

Quem compõe normalmente as músicas e escreve as letras? És tu não é?
Sou eu sim. Primeiro faço a música com a guitarra e depois por vezes a letra é imediata, outras vezes demora mais tempo. Depois junto-me com o meu baterista e fazemos ali a conjugação de tudo. 

Ao Frankie Chavez o FLAMES pergunta...

Contrariamente ao álbum "Family Tree" onde falavas mais na família e na sua importância, este é mais voltado para a necessidade que temos de lutar pelos nossos objectivos...
Sim sim, é muito diferente. Acho que teve a ver com a fase de vida em que me encontrava quando escrevi as músicas. O primeiro disco gravei-o numa fase em que estava muito virado para mim e para a minha família. Tinha sido pai há pouco tempo... Nesse momento o importante para mim era a família, arranjar uma casa... estava muito para aí virado...

Daí o título..
Sim, daí o título! Daí para a frente fiz mais estrada e mais concertos. Sendo isto uma coisa mais independente, deparei-me com dificuldades que acho que são normais. Essas dificuldades e esses obstáculos por que fui passando e que não me fizeram desistir, pois não faz parte do meu feitio desistir das coisas, mesmo que custem, levou-me a que escrevesse alguns temas relacionados com isso. O facto de Portugal naquela altura, nos últimos 2 anos, não estar a passar por uma fase muito fixe influenciou. Comecei a ver amigos meus a ter de sair de Portugal. Isto é comum a muita gente... possivelmente também conheces alguns desses casos. Gente que tem de sair de Portugal para se aguentar. Os temas ficaram assim mais duros e a música resultou disso. Também contribuiu o facto de eu ter gravado este disco de uma maneira diferente do outro. O outro disco foi gravado quase sozinho. Fui para estúdio, gravei as bases todas e só depois convidei pessoal para tocar ou bateria, ou saxofone, ou baixo etc. Este eu já fui para estúdio com o meu baterista com quem tive a tocar estes 2/3 anos. Criámos uma linguagem muito unânime. Os temas foram preparados antes de ir a estúdio, coisa que não fiz no outro. Fomos para estúdio e o som ficou muito mais coeso e muito mais parecido com o que fazemos ao vivo. Ficou mais rock, eu quis explorar guitarras eléctricas e usar uns ambientes um pouco diferentes que tinha deixado de lado nos primeiros discos. Acho que foi isso que fez com que este disco soasse muito diferente, mais coeso, mais duro.

Já actuaste em alguns países, desde o Canadá, a Espanha e Itália. Estavas à espera deste sucesso lá fora? 
Foi uma coisa que eu tentei. Não foi de repente. Foi tudo pensado. No final de 2011 começamos a preparar a exportação da minha música. Fomos a alguns festivais e escrevemos para vários locais. Alguns aceitaram, outros não. Foi com o investimento todo nosso... e fomos. Fomos ao Canadá... arranjámos uma agência no México. Na Alemanha fizemos uma tour para arranjar agenciamento, depois fizemos uma tour na Holanda tudo seguido. Em 2012 foi quando começou e foi fixe. Não estava à espera, mas as coisas começaram a correr bem... e onde estão a correr agora melhor é em Itália. Lá está a correr muito bem.

No vídeo Fight focaste-te no halterofilismo, um desporto que não é muito usado em vídeo-clips. Usaste também uma personagem "fora do comum" o Mestre Silvestre Fonseca. Como surgiu a ideia?
Foi por isso mesmo. O tema é o Fight, e o tema fala de ultrapassar obstáculos e de tentar ir mais além quando parece que não é possível.. e eu quis mostrar um desporto que não é apoiado no mundo todo como o Futebol. Pensámos primeiro na ginástica artística, mas a ginasta fantástica que tínhamos na altura que íamos filmar, estava sem apoio e então deixou a competição. Na altura não deu para a focar. Quando abordei o Jorge Pelicano, que foi o realizador responsável pelo documentário, ele andava a fazer uma investigação sobre o Zeca Afonso. Tinha ido à Baixa da Banheira onde na altura ele tocava muito, e às vezes escondia-se lá nas sociedades a fazer uns concertos. Às tantas descobriram que o Zeca se escondia, por vezes, num ginásio. Chegaram lá e viram que era um ginásio muito antigo de halterofilismo gerido, agora, pelo Silvestre Fonseca, um tipo de 74 anos que continua a praticar. Achámos a história brutal. Como era possível um tipo com esta a idade a continuar a fazer competições? Vai a campeonatos de masters... ainda agora num campeonato europeu na Hungria ganhou a medalha de ouro. Pensámos logo: "Claro que vai ser isto". A história já por si é brutal para se contar, nós queremos fazer uma cena documental, melhor que isto não há.

E ligava bem com a música...
Ligava bem sim, mas isso já foi obra do Jorge Pelicano que fez um trabalho fenomenal.. ele e o pessoal todo do ginásio que tiveram uma paciência... e correu muito bem. Acho que no vídeo é muito explícito o que queríamos transmitir. A ideia era mesmo fugir ao que era o centro das atenção. Em vez de filmar o Ronaldo preferi filmar um tipo que ninguém conhece cuja história merece ser contada. O Ronaldo é um exemplo, mas o Silvestre ainda hoje continua a lutar... tem mais a ver com o tema. Nunca ninguém lhe deu a "bola de ouro" do halterofilismo... e ele merece! Tem 74 anos e continua a praticar, a ensinar os mais novos.. e leva o ginásio para a frente. É um exemplo.

Visualmente é um álbum muito bonito. Estiveste envolvido na sua concepção?
Também gostei...Eu queria puxar ambientes quentes a ver com o México. Os dois símbolos do CD têm a ver com um jogo tradicional mexicano chamado "La Lotería". Isto são 2 das cartas... o coração e as flechas. Gostámos imenso destas e relacionamos com o Heart and Spine. A minha mulher, que é designer, encontrou na internet um rapaz que vive em França que tem uns desenhos lindos. É o João Neves. Contactei-o... mas nunca o vi nem o conheci. Foi tudo por e-mail. Ele conhecia a música, adorou-a, e a primeira proposta que me fez foi esta. Adorei tudo o que ele fez... teve de ser!  Adorei tudo já quando estava a preto e branco... Ainda não o conheci.

Este CD teve um apoio importante de crowfounders. Aconselhas a quem está a pensar começar a carreira a usar este método?
Aconselho, desde que tenha uma base de fãs significativa.. quer dizer.. não... tem é de ser muito bem comunicado! É importante que as pessoas saibam o que está a acontecer. Com as redes sociais é fácil. Pode haver gente que não te conhece pessoalmente, mas se tiverem conhecimento da tua ideia podem pensar "isto vale a pena apoiar". É preciso promover e explicar muito bem o que se faz. Há muita gente que está disposta a ajudar e hoje em dia, com tanta falta de apoio, se não formos nós todos a apoiarmo-nos uns aos outros, é mais difícil. É uma maneira brutal. Isto não é um peditório: é uma troca. As pessoas dão dinheiro, e consoante o que dão têm coisas em troca, como o nome no livro. Eu dava desde merchandising, até a possibilidade de ir tocar a casa das pessoas (risos) era um dos presentes.

Estes showcases são um pouco diferentes do que fazes em outros concertos, ou mesmo do que estarás a pensar fazer no Rock in Rio este ano. O que é que as pessoas podem esperar?
Olha, no Rock in Rio vai ser um palco grande. Não vai ser o palco principal, vai ser o palco Vodafone, mas é grande e portanto costumo fazer com o meu baterista. Vamos ter muitas músicas do novo álbum, algumas dos antigos.. vai ser uma coisa mais poderosa. Quando entra uma bateria é mais fixe. Há mais barulho e mais energia. Há mais decibéis de um lado para o outro... de um modo geral os meus concertos são mais rock. Mas nos auditórios também vou muito ao acústico, adoro ir aos acústicos. Gosto de usar os dois termos. No Rock in Rio vai ser mais power!

A responsabilidade é muita no Rock in Rio? Por tocares no dia dos Rolling Stones...
(Risos) Pois, eu nem sei se os vou ver. Quer dizer, o concerto vou claro, mas vamos estar em palcos diferentes. Mas é um grande orgulho tocar lá no dia de uma das minhas bandas favoritas...

Este ano também tiveste uma experiência diferente quando foste tocar ao Metro... Como foi o feedback das pessoas?
Epá... foi estranho. Houve quem estranhasse..houve quem gostasse. Foi um bocado à queima roupa. Entrei na carruagem com um amplificador a pilhas e disse: "Pessoal, sou o Frankie Chavez, vim apresentar o disco.." e o pessoal olhou para mim com uma cara estranha...

Pois, às 11 da manhã logo...
Sim...mas correu bem. Foi fixe. O pessoal começou logo a filmar, foi giro, foi diferente...

Acho que nunca tinha visto um artista a fazer isso...
Também acho que não... também nunca vi... eu fazia isso há um tempo atrás. Tocava no metro e em jardins públicos. Levava um amplificador a pilha e metia-me a tocar. É giro, é uma maneira muito genuína de tu ofereceres música e as pessoas pararem o que estão a fazer (algumas claro) para te ouvir. Tu dás músicas, se as pessoas querem param e ouvem. É a maneira mais pura de se oferecer música.

MUITO obrigada ao Frankie Chavez pela disponibilidade e simpatia.

Não percam a agenda dos seus concertos aqui - http://artistdata.sonicbids.com/frankie-chavez/shows/
     


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4 comentários:

Obrigada por ter passado pelo nosso Blog e por comentar! A equipa do FLAMES agradece ;)

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