segunda-feira, 30 de junho de 2014

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Livro: A Misteriosa Chama da Rainha Loana



 
Título Original: La Misteriosa Fiamma della Regina Loana
Género: Romance Biográfico
Ano: 2004
Autor: Umberto Eco

 

Ao falar-se em Umberto Eco a obra que ocorre à grande maioria das pessoas é “O Nome da Rosa”. Contudo, foi com “A Misteriosa Chama da Rainha Loana” que me estreei com este famoso e conceituado autor.
 

Sinopse:
"Yambo, um abastado alfarrabista de Milão na casa dos sessenta, perdeu a memória após um AVC - lembra-se do enredo de cada livro que leu, de cada linha de poesia, mas não se lembra do próprio nome, não reconhece as próprias filhas ou qualquer momento da sua infância ou da sua família.
Numa tentativa de recuperação de si próprio, Yambo aceita a sugestão da mulher de voltar à casa de campo da sua infância, onde descobre livros, álbuns de banda desenhada, revistas, discos de outros tempos, religiosamente guardados pelo avô já falecido, e começa uma viagem em busca do tempo perdido, povoado de imagens e personagens ora fictícios, ora reais, mas todos importantes para a redescoberta de si próprio.
Assim, Yambo acaba por reviver a história da sua vida: de Mussolini à educação católica, de Josephine Baker a Flash Gordon ou Fred Astaire. As suas memórias vão surgindo ininterruptamente, e a sua própria vida vai surgindo diante dos seus olhos como uma banda desenhada. Nesta luta para recuperar a memória, Yambo só procura uma única e simples imagem: a imagem do seu primeiro amor.
A Misteriosa Chama da Rainha Loana é um fascinante, nostálgico, divertido e profundamente emocionante novo romance, do incomparável Umberto Eco."

 
Este livro conquistou-me nas primeiras páginas: Umberto Eco escreveu algumas das mais belas frases que alguma vez li e a história apresentada, um homem que procura lembrar-se da sua própria vida tendo de aprender, agora com mais de 60 anos, tudo aquilo que já viveu é fascinante. O enredo começa de forma sublime, comovente e algo mágica à medida que acompanhamos as divagações de uma pessoa que, de repente, vê-lhe roubadas todas as suas memórias pessoais.
No entanto, a determinada altura este encantamento no qual o livro me envolveu é quebrado quando Umberto Eco decide utilizar mais de metade das páginas da obra com citações, fragmentos de poemas, capas de livros e de revistas, lengalengas e outras coisas tais. São páginas e páginas com letras de músicas referentes à época em que Yambo foi criança, década de 30, e outras tantas páginas com imagens de livros, selos e discos de vinil.
Ora, para alguém como eu que não cresceu nessa época, muito menos em Itália, esses capítulos tornam-se exasperantes pois o discurso de Yambo sendo tão pessoal e biográfico dificilmente consegue chegar até a um leitor que não conhece 95% das bandas desenhadas, músicas e histórias com que o protagonista cresceu.
O resultado foi desanimador: senti-me completamente perdida e desligada da história durante mais de metade do livro. Não nego que as restantes passagens, relativas ao presente ou a aventuras vividas por Yambo durante a sua infância, não sejam interessantes, mas a obra no seu todo acabou por desiludir-me pois não pude deixar de sentir que com “A Misteriosa Chama da Rainha Loana” Umberto Eco criou a história perfeita para italianos que tenham sido crianças na década de 30. Os restantes leitores… acabam por ficar invariavelmente perdidos ao ler esta obra.

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