terça-feira, 20 de maio de 2014

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48ª Entrevista: Sérgio Godinho (artista português)



SÉRGIO GODINHO 

Sérgio Godinho dispensa apresentações. Com mais de 40 anos de carreira é um dos nomes fortes do panorama musical português. No passado mês de Abril deu início a uma série de concertos que percorrerão o país de norte a sul sob o tema “Liberdade”, numa celebração dos 40 anos do 25 de Abril. São dele as seguintes palavras:

"Liberdade é, de todas as palavras e conceitos que uso na minha vida, e por arrasto nas canções, a que mais acarinho e que mais defendo, aquela que dá ao norte a sua bússola." 

O FLAMES esteve à conversa com ele e foi isto que ele nos revelou…

A todas as bandas/músicos, o FLAMES pergunta... 

Quais são os artistas que o inspiram? 
Ui! Isso é uma questão em que teríamos de estar meia hora a falar só para vos responder. Conheço todos os géneros musicais, tenho um gosto muito ecléctico. Há uns tempos fiz um livro de crónicas publicadas no Expresso, “Caríssimas Canções”, onde falei de imensos artistas: Zeca Afonso, Bob Dylan, Caetano Veloso, Chico Buarque… São artistas de muitos géneros diferentes. Pode dizer-se que gosto de todos os géneros musicais.

Qual o local onde mais gostaria de tocar? 
Já actuei em muitos sítios no nosso país, penso que conheço Portugal de lés a lés. Já actuei em circunstâncias muito diferentes: em salas pequenas, em grandes festivais e nos coliseus. Gosto sempre de voltar aos lugares! Penso que o Brasil seria um local onde gostaria muito de actuar mas é muito difícil penetrar no Brasil. À excepção do fado, é muito difícil actuar lá.

Mas já lá deu concertos? 
Sim, já. Mas gostava de fazê-lo mais.

Que cartaz ou mensagem gostaria de ver ser erguida no meio do público durante um concerto seu? 
Gostava que as suas mensagens transmitissem, no fim de contas, o título destes concertos: “Liberdade”.

Lembra-se de alguma situação caricata que tenha ocorrido num dos seus espectáculos? 
Há sempre imprevistos (pequena pausa), há muitos anos atrás, quando os palcos eram mais precários, estava a actuar com o Zeca Afonso e as estacas cederam para o lado e começámos a cair. Aquilo parecia um elevador.

Mas chegaram a cair por completo até ao chão? 
Sim, mas felizmente foram tomadas precauções e ninguém se magoou.

Ao Sérgio Godinho o FLAMES pergunta... 

Em 1974 no seu álbum “À Queima Roupa” o Sérgio dizia na música “Liberdade” que “Só há liberdade a sério quando houver paz, pão, habitação, saúde e educação”. Acha que 40 anos depois o povo português pode considerar-se livre? 
Não, ele tem é sempre de lutar por essa liberdade. A Liberdade e a Justiça. Ambas são insuficientes no nosso país. O que aconteceu com o 25 de Abril não foi uma liberdade completa, mas sim a oportunidade de podermos lutar por isso. Nos últimos tempos houve retrocessos no nosso país na saúde, educação e muitas outras coisas. Ainda falta muita coisa e temos de lutar por isso.

Na altura em que se deu a Revolução dos Cravos a esperança era uma das palavras que mais se ouvia. Esperança num país diferente, num país melhor... Como é que naquela altura o Sérgio imaginava que seria a sua vida em 2014? 
Não projecto muito o futuro. Antes do 25 de Abril estive 9 anos fora de Portugal e não podia regressar ao meu país pois era um soldado refractário porque tinha recusado ir à guerra colonial. Na altura não imaginava como seria o meu futuro mas sempre imaginei que a música seria algo de orgânico e que faria parte da minha vida.

Mas nessa altura já sonhava que poderia vir a tornar-se num artista português tão conceituado ou foi tudo acontecendo sem que o Sérgio tenha planeado muito? 
Foi acontecendo. Repare, o meu primeiro disco, “Os Sobreviventes”, e o segundo, “Pré-Histórias” foram editados antes do 25 de Abril e tiveram na altura um grande impacto. Agora tenho mais de 20 discos e foi tudo acontecendo ao longo dos anos.

Qual acha que tem sido o contributo da música em defesa da Liberdade tanto antes como após o 25 de Abril de 1974? 
É muito importante. Tenho uma canção que diz “Aprende a nadar companheiro/ Que a maré se vai levantar/Que a liberdade está a passar por aqui” (música: “Maré Alta”). Significa que a Liberdade ainda está a chegar. Por isso ainda há muito a fazer pela liberdade. Mas também não se deve sobrevalorizar a música pois vivemos numa sociedade e todos têm algo a fazer por essa Liberdade.

Iniciou esta sua tourné em Abril e já teve oportunidade de actuar em várias cidades portuguesas. Actuará inclusive em mais 3 (Braga, Aveiro e Coimbra). 
Serão mais concertos.

A sério? Onde? 
Ainda não posso dizer-lhe mas serão mais.
 
E como tem sido a reacção dos seus fãs às canções do álbum que editou mais recentemente, o “Caríssimas Canções”?
Esse álbum é de canções de outros artistas. Canto “Os Vampiros” do Zeca Afonso e outras músicas. Acaba por ser um álbum fora do baralho. Mas nos meus espectáculos canto também músicas do meu algum de há 3 anos, “Mútuo consentimento” que também fala de Liberdade.

O Sérgio disse que de todas as palavras, a palavra “Liberdade” é aquela que mais acarinha e que mais defende. O que pensa continuar a fazer no futuro em defesa deste conceito que lhe é tão caro? 
A Liberdade pratica-se. Gosto de ser criativo e estou neste momento a escrever contos, algo que não tem nada a ver com música pois eu gosto de ir por outros caminhos.

São contos infantis? 
Não. Não são.

Já tem uma data para a publicação desses contos? 
Ainda não. Ainda estamos a alinhavar umas coisas. Ainda não tenho contrato assinado e isso.

Um enorme obrigada ao Sérgio Godinho pelo tempo que nos dispensou para responder às nossas perguntas!


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6 comentários:

  1. Espero conseguir ir vê-lo em Coimbra! Grande artista!

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  2. Amo amo amo amooooo Sérgio Godinho. Cresci a ouvi-lo e a vê-lo actuar. Pelo menos uma vez por ano tenho o privilégio de o ouvir, e é sempre uma experiência fenomenal!
    Parabéns pela entrevista!
    Beijocas

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    Respostas
    1. Ola Neuza.. a serio? Que engracado!
      Foi uma experiencia surreal entrevista-lo, mas foi muito bom.
      Quer se goste ou nao, trata-se de um nome incontornavel no panorama nacional, e a sua importancia a nivel social e' inquestionavel.
      Beijinhos

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