terça-feira, 20 de janeiro de 2015

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92ª Entrevista do FLAMES: Pedro Cipriano (autor português)



Pedro Cipriano, nascido em 1986 e residente em Aveiro, dedica-se a tempo inteiro à Editorial Divergência e à literatura. Possui um doutoramento em Física de Partículas concedido pela Universidade de Hamburgo. Desde sempre se interessou pela leitura e pela escrita, sendo um leitor compulsivo, admite ter gostos eclécticos. É um dos autores residentes no blogue Fantasy & Co, um espaço totalmente dedicado à literatura fantástica criada por portugueses. Lançou o seu primeiro livro, “Caderno Vermelho”, em Julho de 2014. Publicou também vários contos em diversas revistas e antologias, mantendo também um blogue dedicado aos projectos literários. (fonte http://divergencia.pt/equipa-pedro-cipriano/)

O teu FILME preferido: "Duelist"
O seu LIVRO preferido: "Os Pilares da Terra" de Ken Follet
O seu ANIME preferido:  "Neon Genesis Evangelion"
O seu MANGA preferido: "Dragon Ball"
O seu Evento/Extretenimento/Espectáculo preferido: "Vagos Open Air"
A sua SÉRIE preferida: "Lost"

Quando surgiu o gosto pela escrita na tua vida? 
Assim que aprendi a ler e escrever. Eu fui um daquele alunos difíceis que demorou eternidades para distinguir um a de um e. Mas, assim que consegui ler e escrever comecei logo a tentar escrever, as letras abriram uma porta para um fascinante universo que me era desconhecido. A primeira tentativa de que recordo foi, creio, aos sete anos de idade. Escrevi uma espécie de teatro com os elementos meteorológicos: o sol, a chuva, as nuvens, etc. Infelizmente não sei onde pára essa relíquia.

Como é o teu método de trabalho na criação de uma obra? 
É como o preparar de uma refeição (risos). O mais importante é a ideia central, por isso, vou fazendo notas sobre esse caroço, como quem tempera algo e deixa a marinar. Esse processo pode demorar meses ou até anos. No caso do Caderno Vermelho o processo foi bastante curto porque as ideias já lá estavam. Com tudo organizado, a fase de escrita tento que seja o mais rápida possível, dias se possível. Depois esqueço o manuscrito durante umas semanas, e volto à carga com revisão e pedindo ajuda a outras pessoas já que o feedback externo tem um valor inestimável. Findo esse processo, que pode precisar de várias rondas dependendo da minha satisfação face ao resultado final, o livro está pronto a ser submetido a uma editora ou a ser publicado (dependendo dos trabalhos).

És um autor que gosta de recorrer à ajuda de Beta-Readers. Como te sentes quando colocas a tua obra nas mãos de um Beta-reader? 
É sempre o pânico! Estou a colocar o meu manuscrito nas mãos de pessoas que na maioria das vezes são desconhecidos. Nunca sei o que esperar, podem gostar muito ou odiar muito a ponto de nunca mais voltarem a querer ler nada meu. Apesar disso, as opiniões externas e a sinceridade desses leitores é vital para o processo de revisão. Cada vez que recebo uma resposta é uma montanha russa emocional: tudo o que o livro tem de bom e menos bom é exposto e dissecado pelos olhares atentos. 

Numa altura em que o mercado editorial também é afectado pela crise económica, decidiste integrar o grupo fundador da Editorial Divergência. Qual a origem da vossa coragem e como perspectivas o futuro da vossa editora? 
O projecto começou em Fevereiro de 2013 justamente por causa desta crise. Achei que era necessário providenciar livros a um preço acessível e apostar em autores considerados pelas editoras mais estabelecidas como não comerciais. Queremos apostar em autores ainda desconhecidos e ajudá-los a construir uma carreira na medida do possível. As éticas que nos gerem são: cuidar dos escritores e leitores, cuidar do planeta e partilha dos lucros. Em 2014 publicámos dois livros e em 2015 esperamos publicar quatro entre os quais o “Limites do Infinito”, que é uma antologia de contos curtos de ficção especulativa: terror, ficção cientifica e terror. Para alem desse estamos a preparar outros três, mas ainda não posso revelar mais detalhes. 

O que pensas que pode ser feito pelo mercado editorial português para fazê-lo crescer e desenvolver-se ainda mais?
Quem define o mercado são essencialmente os leitores. É necessário que as pessoas gostem de ler e que as editoras saibam e consigam providenciar o que elas querem ler. Só assim se pode ter um mercado que tenha a oferta e a procura ajustadas. Cada nicho de mercado deve estar preenchido por uma editora capaz se suprir as necessidades desse segmento de mercado. Há sempre a tentativa das editoras de influenciar a próxima moda, mas, no fim, quem decide se a moda pega são os leitores. Se a oferta e procura estiverem em sintonia haverá mais procura e o gosto pela leitura irá aumentar. E os preços de alguns livros poderiam baixar se houvesse uma maior procura, se bem que a maioria das editoras aumenta-os com vista ao lucro fácil, prejudicando-se a longo termo. Em resumo, tudo depende dos bons hábitos de leitura dos portugueses e de boas práticas das editoras.

Obrigada Pedro pelo teu tempo e simpatia!

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