segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

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130ª Entrevista do FLAMES + O teu FLAMES num ano: Michel Alex


Em 2016/2017 criámos no FLAMES a rúbrica: O teu FLAMES num ano 2016

Este ano vamos recomeçar uma nova O teu FLAMES num ano 2019

Espero que gostem! 

Michel Alex



Bio do autor

No underground boémio de Paris e com a vida dividida entre grupos Bikers, o Nouveau Cirque e o Cabaret, Michel Alex começou a escrever esta colecção em 1988 atormentado pela terrível febre Post Punk Industrial. O que ele não podia saber é que as suas personagens iriam passar da ficção para a realidade, como foi o caso dos Custom Circus que nasceram nesta saga e foram sugados cá para fora por este portal que tem sido para eles uma fonte inesgotável de inspiração e de revelações.

Mais informações sobre o autor podem ser consultadas neste link: https://www.customcircus.com/biomichel e para mais informações sobre o projecto Custom Circus: https://www.customcircus.com/

Entrevista

Como entrou para o mundo da escrita?

Desde muito cedo e por influencia musical. Os meus pais mergulharam-me em Rock’a’Billy e Cabaret, e a minha grande irmã em bandas Hippies, Folk, Psicadélicas ou Existencialistas. Mas a forma como se encaixavam as letras nas músicas fascinava-me e comecei a transcreve-las e inclusive comecei a fazer adaptações para músicas “naïves” que ia compondo. Por volta dos 16 anos abracei a causa Post Punk alternativa mas não renunciei ao DIY proto Punk; e nessa altura em Paris, o underground estava ao rubro e como também já tinha uma banda e outros projectos artísticos, comecei a escrever fanzines com conteúdos contra cultura bastante provocantes. Depois aderi ao Gótico e à sua negra poesia, de tal maneira que ia fazer declamações em live act com chapéu no chão à caça de moedas para o cemitério Pére Lachaise! Ah! Ah! Ah! Lembro-me desses tempos; o meu primeiro poema chamava-se “A Criança Beijando o Cadáver”… Bom, depois foi tudo muito rápido, e entrei mesmo de cabeça no submundo, também muito graças aos meus tios membros dos Hell’s Angels, e alguns artistas de rua e teatro de intervenção que eu acompanhava nessa altura; e quando dei por ela, em 1988 já tinha escrito “A Saga da Roda”, e a partir dai dezenas de músicas, peças para teatro, manifestos, etc.

Quem foram os escritores que o influenciaram?


Fui naturalmente muito influenciado pela BD Franco-Belga, mas no plano puramente literário “droguei-me” a fundo com Wells, Poe, Verne, Rielche, Wilde, Nietsche, Stanislavsky, Shaw, Brecht, Lorca, Bernanos, e tantos, tantos outros… cujos nomes já nem me lembro, mas os escritos sim.

Como surgiu a ideia para escrever o seu livro?

Fui “literalmente” obrigado pela minha consciência. Pois tinha mesmo esse chamamento; uma consciência de que estava a viver fortes momentos decisivos que iriam moldar a minha vida futura. Naqueles anos era tudo muito intenso e tinha plena noção que vivíamos histórias inacreditáveis a cada dia; e os desfechos de cada aventura real eram tão retorcidos, por vezes surreais ou perigosos, que era uma pena que não fossem registados para a posteridade em algum lado. Havia muita estrada, muito Rock, violência física e psicológica, drogas à mão de semear, álcool obrigatório, decadência generalizada, armas… e ainda por cima em pleno início do movimento Industrial e das raves que nessa altura só pertenciam aos domínios dos dark circuits muito ligados ao teatro de vanguarda. Adorávamos tudo o que fosse maquinaria vintage; construíamos as nossas choppers, os carros Custom e passávamos a vida ou agarrados a uma guitarra ou a uma máquina de soldar; e o resto era trabalhar em tudo o que aparecesse para pagar o nosso estilo de vida: Viagens, Aventura, Risco, Arte, Máquinas, Parties, Liberdade, Shows, Tattoos, e Carpe Diem. Foi um pouco de tudo isto que tentei salvaguardar no meu primeiro livro; e essa revolta constante do eterno nómada mantém-se fiel a ela própria nos livros seguintes, mesmo apesar de toda a filosofia Pós Apocalíptica e das suas grandes mensagens universais. 

Quais foram as maiores dificuldades em transmitir as suas ideias para o papel? E o que foi mais fácil?

Não tive dificuldades nesse sentido. Sempre me limitei a deixar escorrer a tinta para pequenos cadernos ou pedaços de papel que ia encontrando, e só depois para um teclado; escrever sai-me naturalmente da alma, do coração e das memórias; a parte mais difícil é depois arranjar tempo para juntar todas as passagens e passa-las a limpo num ficheiro.

Qual/quais conselhos daria a um autor iniciante?

Sacralizar acima de tudo uma mensagem central até ao ponto da explosão do “Já não aguento mais guardar isto cá dentro! Tenho de escrever! Partilhar! Que se lixe!”. E claro, viver o mais possível fora da nossa zona de conforto! Porque é ai que a verdadeira vida começa! Ou em alternativa, conviver muito com pessoas que o façam e garantir que seja gente genuina com experiências genuínas e não apenas indivíduos com nada mais do que cenário e teorias blá blá blá; pois um espécime autêntico de “vida” vem sempre acompanhado por um passado provado e resultados visíveis.

O teu FLAMES num ano 2019


Filmes: Só fui à première do “Mortal Engines”
Livros: Como estou a escrever um livro sobre teatro e espectáculo, baseado nos 30 anos que passei com vários projectos e artistas; para consolidar bem os conteúdos só tenho lido dramaturgias e bios. Ou seja tudo muito especializado na temática dos palcos, do showbiz e dos seus periféricos.
Animes: Zero
Mangas: Zero
Eventos: Imensos, mas sempre em trabalho!
Séries: Zero


Nota do autor: Oh!? Aqui nesta parte sou uma autêntica lástima, pois vejo zero Tv e niente de redes sociais. Como artista multidisciplinar profissional há imensos anos, o meu tempo como espectador ou leitor é do mais escasso que há. Imaginem um atleta de Decatlon… é mais ou menos assim; quando não estou a actuar para os Custom Circus (cerca de 60 espectáculos/ano), estou a compor e gravar os originais em estúdio, ou no sector das artes plásticas, a pintar, esculpir, preparar as instalações, as exposições e os tours; o resto que sobra é para ensaiar os números novos, treinar diariamente, encenar, viagens de repérage ou contratuais, manter a curadoria dos Nirvana Studios, e claro, escrever entre todos estes pequenos intervalos, sempre que o dia a dia com a minha linda família me permita.

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