quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

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110ª Entrevista do FLAMES: Diogo Piçarra (artista português)


Diogo Piçarra

A re-edição do primeiro disco de Diogo Piçarra, "Espelho" foi o pretexto para voltarmos a conversar com o músico português.
Este foi o resultado desta conversa.
Caso não tenham lido, vejam a entrevista anterior ao Diogo Piçarra aqui - http://flamesmr.blogspot.pt/2015/03/96-entrevista-do-flames-diogo-picarra.html

O CD será re-editado com um DVD extra. Este realizado por André Tentúgal e mostra Diogo Piçarra em interpretações acústicas, ao vivo, num universo que remete aos ambientes em que filmava os seus vídeos caseiros, com os quais foi aumentando a sua base de seguidores no seu canal de Youtube (com mais de 79 mil subscritores).

De todos os locais onde já levou o álbum “Espelho”, houve algum que considerou assim mais especial ou de diferente?
Todos os sítios onde toquei são especiais! Pelas pessoas, pelo palco... pela temperatura, o espaço, as cidades...! Qualquer sítio é especial à sua maneira. 
No entanto, há cidades e sítios que nos marcam mais. Um dos que me marcou um pouco mais este verão foi na Madeira, quando fui ao Funchal apresentar o disco "Espelho". Foi de uma grandiosidade que eu não esperava. Estavam milhares de pessoas à minha frente. Todas elas cantavam, gritavam e para mim foi inacreditável, não esperava nada. Há muitos, muitos outros, por exemplo, logo o 2º concerto no Porto, também foi muito especial. Senti que aquela casa estava, mesmo mesmo quente e acolhedora. 
Mas foi tudo especial, foi tudo bom, todos os concertos estavam cheios. Um concerto também muito engraçado e especial foi em Caracavelos na praia. Era um concurso de surf mas estava a chover e só vieram cerca de 30 ou 40 pessoas ao concerto. Eu percebi perfeitamente, não obrigo ninguém a vir aos meus concertos à chuva, mas foi um dos meus melhores concertos porque as pessoas estavam lá mesmo porque gostavam de mim e estavam à chuva. Eu senti isso e convidei-os para vir para cima do palco e juntaram-se ali 20 ou 30 pessoas em cima do palco. Soube-me muito bem esse concerto também.

Que giro! Parece ter sido muito engraçado… e diferente.
Relativamente ao "Espelho" qual é que foi assim o melhor elogio que já lhe fizeram sobre este trabalho em concreto?
O melhor elogio? Bem, eu devia ter preparado melhor estas respostas (risos), já me disseram tanta coisa...!
Tenho muitas pessoas nos concertos a virem falar comigo a dizerem que faleceu alguém a semana passada e aquela música tocou-o e veio ao concerto de propósito só para ouvir aquela música. E acho que desta maneira eu faço parte da vida das pessoas e em muitas pessoas tem acontecido isso. Infelizmente acontece-nos a todos, quando perdemos alguém... Há histórias inacreditáveis e uma delas é incrível! Havia um rapaz que estava em coma já há algum tempo e ele não reagia a nada, não reagia à fala dos pais e da família e lembro-me que eles contaram-me que colocaram os headphones com música e a música que estava a tocar era minha, e o rapaz começou a chorar e estando ele em coma... eu... eu nem queria acreditar nesta história! Parece que passado uns minutos ele faleceu... parecia que estava à espera daquilo, à espera da música, à espera que lhe colocassem música aos ouvidos para deitar uma última lágrima e ir-se embora e isso deixou-me sem palavras.

Até me arrepiei agora... nem consigo imaginar o que deve ter sentido quando soube da história...
Pois... eu fiquei todo arrepiado? Fiquei a segurar um bocadinho a lágrima porque... é forte! É muito forte mesmo. 
É claro que depois tenho outras coisas, não é? Tenho coisas muito mais alegres! As fãs seguem-me para todo o lado, dormem na rua... Vão às 9 da manhã para a porta do concerto e eu só estou lá no outro dia de amanhã. E depois é claro, elas cantam as músicas de início até ao fim! Identificam-se com as letras e isso é muito bom! É muito bom receber esse carinho.

Como é que surgiu a ideia desta reedição e o que é que podemos esperar de diferente deste álbum em comparação com o outro?
A reedição do "Espelho" teve mais como objectivo voltar às origens, à altura em que eu fazia covers e versões em acústico. O objectivo era esse! Eu antes “despia” as canções dos outros e agora vou “despir” as minhas canções, o meu próprio disco e vou tocá-las ao piano. Fiz os arranjos dos violinos também... Convidámos cerca de 20 pessoas, participaram num concurso para virem assistir às gravações e para mim o resultado foi lindíssimo. Foi acima daquilo que eu estava à espera! Foi numa casa abandonada... Por isso, quem ainda não viu compre o DVD. Acho que as filmagens estão lindíssimas. Podem já ver dois vídeos na internet, é o “Meu é teu” e o “Sopro” e aí já conseguem perceber mais a onda e o estilo da abordagem.
Acho que foi um grande grande feito e estou muito orgulhoso com o trabalho. Já estava orgulhoso com o “Espelho”, e agora estou orgulhoso com o DVD.



Se pudesse voltar atrás teria feito alguma coisa de diferente nestes últimos meses em que correu assim, o país de norte a sul?
Se eu voltasse atrás este ano?

Sim, sim, este ano.
Se calhar eu despedia-me mais rapidamente do meu trabalho para me dedicar mesmo a 100% ao disco e aos concertos ao vivo. Foi a única coisa que se calhar falhou. Não me dediquei a 100% porque eu tocava ao vivo e no dia a seguir ia trabalhar. Lá ia eu para a empresa e por isso foi muito cansativo. E de facto eu já andava de rastos, estava na empresa a trabalhar toda a semana e ao fim de semana ia dar um ou dois concertos. E se não tivesse trabalho, eu durante a semana descansava, trabalhava para melhorar ainda mais os concertos e depois ia tocar ao vivo outra vez. Por isso, é que se calhar a rotina alteraria um pouco.

Na última entrevista que lhe fiz, perguntei-lhe se está a pensar fazer uma nova tatuagem relacionada com esta nova fase musical e o Diogo respondeu que a faria se o álbum fosse um sucesso. Agora que o álbum é um sucesso, chegou a fazê-la ou não? 
Eu e o meu irmão fizemos um logótipo, que representa basicamente as minhas primeiras letras, as iniciais do meu primeiro e último nome, o D e o P, em losângulo. Sempre adorei aquela figura, adorei aquele logo e de facto representa-me. Só que nunca tive a oportunidade de o fazer. Gostava de a fazer com um tatuador que está no Algarve e que já me tatuou a maior parte do corpo. É o Mauro, e eu adoro o trabalho dele, só que nunca tive oportunidade. 
Agora os fãs é que já começaram a tatuar o logo e é lindo ver isso! Por vezes nas sessões de autógrafos lá vem uma rapariga com o braço esticado e o meu logo lá tatuado e eu “ai meu Deus, o que é que tu foste fazer, deixa lá ver se isto é mesmo verdadeiro” (risos). E é mesmo verdade, está mesmo tatuado! Já conheço pelo menos duas pessoas que já fizeram e conheço outra pessoa que escreveu no pulso também... e também conheci há uma semana uma rapariga no Porto, que tinha tatuado a letra do “Tu e eu”. Isso é inacreditável. 
Eu adorava tatuar as minhas letras mas acho um pouco egocêntrico da minha parte! Acho que não faria isso. No máximo faria o meu logo porque fui eu e o meu irmão que o fizemos, e quem sabe tatuar o nome "Espelho" ao contrário, também já pensei nisso. 
Mas eu não gosto muito de tatuar coisas relacionadas com a música, sabes? Como muitos músicos  e artistas fazem. Claro que tatuar uma clave de sol ou umas teclas de piano era o que eu adorava fazer mas ao mesmo tempo acho que não se deve tratar assim a música. Muita gente tatua uma clave de sol e nem sabe o que é, e eu sei ler música e sei escrever em clave de sol, mas não vou fazer isso. Faço as tatuagens como se o meu corpo fosse uma tela. Tento não confundir as coisas, tento criar uma divisão entre as duas coisas.

Nessa mesma entrevista disse “Ainda nem estou a pensar no disco como um sucesso, mantenho as minhas expectativas em baixo em relação ao meu trabalho”. Quando é que se começou a aperceber do sucesso que este álbum teve?
Quando comecei a perceber o sucesso… Hum... Na verdade nem sequer te apercebes. 
No primeiro dia, quando começou a dar nas rádios, eu estava a ir para o trabalho (risos), estava a ouvir rádio, estava preso no trânsito e comecei a ouvir a minha música e nem queria acreditar que a minha voz estava a passar ali naquele rádio. Até olhei para o rádio para ver se não era um CD ou um MP3 que estava ali por engano (risos)... foi mesmo emocionante. Passei para outra rádio e estava a dar outra vez a música e comecei-me a aperceber nesse momento que a minha música estava a tomar todas as rádios. Foi um bom sinal.
A seguir, apercebi-me dos seguidores a crescerem, dos comentários aos milhares... Acima de tudo comecei a reparar pelos seguidores do facebook que ainda continuam a crescer! Já ultrapassei os 212.000 no Facebook e ainda mais noutras redes sociais. É inexplicável... não sei... não sei o que é que hei-de fazer com tanta gente (risos). Acho que essa é uma prova da visibilidade que a música teve e dos milhares de pessoas a que a música chegou, especialmente a "Tu e Eu". Depois comecei a ver que realmente poderia ser ainda mais, e que iria crescer ainda mais com os concertos ao vivo. Logo nos dois primeiros tinha a casa cheia, com as pessoas a cantar o CD do início ao fim, em Lisboa no Armazém F e no Hard Club no Porto. Fiquei muito sensibilizado com isso porque não estava à espera... Primeiro fiquei sensibilizado com o facto de estar a casa cheia, em segundo lugar fiquei contente que as pessoas cantassem do início ao fim. E a partir desses dois concertos é que eu comecei a ver que se calhar ia ter um bom verão e que o disco tinha realmente corrido bem.

Agora o Diogo vai dar dois grandes concertos em Março? Um em Lisboa e outro no Porto. O que é que o público vai poder esperar desses dois concertos? Em que é que eles vão ser diferentes dos outros?
Acima de tudo vou apresentar o meu último disco “Espelho” em sítios lindíssimos. Só tive oportunidade de tocar num anfiteatro o disco "Espelho". Foi em Oliveira de Azeméis, no Caracas e aí não mudei o concerto, não mudei nada... mas mesmo assim o concerto foi diferente! Acho que tocar ao vivo, ao ar livre, o "Espelho" tem uma vida e ao tocar num anfiteatro, todo escuro, com as pessoas sentadas a ouvir o "Espelho", tem uma outra vida. 
Acho que só o facto de tocar no CCB e na Casa da Música já vai ser lindíssimo! Vai ser bom. As pessoas vão poder esperar do início ao fim um espectáculo de arrepiar. Acho que até eu próprio me arrepio só com aquele ambiente, de ouvir as pessoas a cantar ali ao pé de mim, sentadas. Agora o que podem esperar é, mais qualidade, algumas abordagens diferentes nas minhas músicas e eu adorava ainda se calhar tocar uma música nova, uma novidade ou outra... 
Por isso acho que vai ser especial! Vão ser mesmo especiais estes dois concertos! Vou tentar ainda marcar um outro, entre estes dois, outro concerto também num teatro, no norte do país, ainda não posso revelar qual é. Quem sabe, tocar dois concertos entre esses dois, seria em Lisboa no dia 10 de Março, dia 11 nesse outro sítio, dia 12 também noutro teatro e depois dia 13 no Porto, na Casa da Música.

Obrigada ao Diogo por mais uma entrevista. Desejamos que os concertos sejam FABULOSOS!

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