Pedro Guilherme Moreira
Pedro Guilherme-Moreira
nasceu em 1969 na maravilhosa cidade do Porto. É advogado e escritor, tendo
sido dos primeiros advogados a ganhar o Prémio João Lopes Cardoso. Ex-estudante
da Universidade de Coimbra, publicou o seu primeiro romance em 2011, “A
manhã do Mundo” (Dom Quixote), e
venceu o Prémio M.A. Pina de poesia em 2012.
Vamos conhecê-lo um pouco melhor...
Qual é a sua nacionalidade: Portuguesa, com raízes francesas da
bisavó Germaine
O
seu Filme
favorito: “O túmulo dos pirilampos” (vencedor absoluto, é criminoso não ser
mais visto)
O
seu Livro
favorito: A Bíblia e, em geral, todos os livros sagrados: revelam uma síntese quase
sempre admirável, às vezes preocupante, da natureza humana; e não sou uma
pessoa religiosa;
O
seu Anime
favorito: “O túmulo dos pirilampos”
O
seu Manga
favorito: prefiro sem manga
O seu Evento/Espetáculo de
música/Programa de Entretenimento favorito: sou viciado nos óscares,
não quero saber se é fachada; ainda quero ver se ganho um.
A
sua Série
de televisão favorita: Lost
Este
ano faz 12 anos que a tragédia do 11 de Setembro aconteceu.
Como um autor que escreveu uma obra baseada neste acontecimento, sente que com
o passar do tempo o impacto deste ataque terrorista vai ficando mais
“adormecido” na mente das pessoas ou, pelo contrário, continua bem “vivo”?
PG-M: O 11 de Setembro é um dos raros acontecimentos
históricos em que o que foi dito na altura, quase sempre sentenças disparatadas
por não terem distanciamento, e que neste caso foi “haverá um antes e um depois
do 11 de Setembro”, tem grandes hipóteses de se tornar verdade. Já é assim.
Olha-se para trás e este dia está ali, cravado. Nunca vai ser esquecido. O
interesse vai aumentar, tal como aconteceu com o holocausto. Mais pessoas vão
querer saber porquê. É fundamental para entendermos o caminho em frente.
O
vólei tem um lugar especial no seu coração... já pensou em escrever um livro
exclusivamente sobre esse tema?
PG-M: Que fique claro: a minha vida não me interessa
nada para os meus livros. Faço dela uma prostituta quando preciso de material
de ligação, mas não me interessa o “eu”. Interessam-me os outros. Mas confesso
que, se estiver vivo daqui a vinte anos, tentarei explicar ao mundo porque é que
o voleibol nos toma a alma. Mas nos próximos vinte anos já tenho tudo tomado
(sorrisos, muitos).
Se
cada país fosse representado por um livro, que livro representaria Portugal e
qual é que de certeza que não seria o escolhido?
PG-M: Difícil ultrapassar “Os Lusíadas”, embora a
nossa grandeza como povo, que é a mesma desse tempo, esteja dentro, com medo de
sair. E às vezes sai da forma errada, à bruta e sem classe. Entremos todos para
um cavalo de tróia para que os nossos filhos se ergam. Um livro que não seria
escolhido para representar Portugal, de certezinha absoluta (a pergunta é boa,
caraças!), seria (posso dizer mais do que um? Iupi.) “A dieta dos 31 dias” (e
daí...), ou....(espera lá, começo a perceber que todos os livros de todos os
tempos podem representar Portugal. Não somos um povo magnífico?)
No
seu livro, duas pessoas têm a oportunidade de evitar que o ataque ao World
Trade Center ocorra. Se pudesse escolher uma data, apenas uma, para voltar
atrás no tempo e refazer algo... qual escolheria?
PG-M: Essa data ainda está por vir, felizmente. Não
posso morrer depois do meu filho e da minha mulher. Se isso acontecer, essas
são as datas, ambas. Espero não viver nenhuma.
Pode
contar-nos um pouco sobre a história da sua professora que ganhou uma fábula
escrita por si quando lhe ensinou a fazer contas de dividir?
PG-M: A Dona Laura era uma senhora aparentemente
severa. No dia em que fiz 40 anos, fui ao encontro dela. Um dia antes de o
livro ser lançado no Porto, que foi o dia em que fiz 42, fui mostrar-lhe a
badana onde ela fica imortalizada. Mas o mais importante acontecera trinta e
cinco anos antes, na Ecola de Francelos: o assombro nos olhos dela quando leu a
minha fábula é o único responsável de eu escrever hoje. Ainda procuro isso nos
meus leitores. A Dona Laura ainda é viva e está bem, embora tenha tido uma vida
difícil e nunca se tenha casado ou tido filhos. Tem-nos a nós. E vejam como a
vida é curiosa: vivíamos no mesmo lugar quando ela foi minha professora, mas
ela saiu de Francelos pouco depois de se reformar. Hoje vive nas traseiras do
meu escritório, no centro de Gaia.
Numa
entrevista a um outro blogue referiu que “As
miúdas tornam-se giras quando gostam de escritores”. Existe um número
mínimo para nós mulheres nos tornarmos giras? Ou assim que gostamos de um
escritor já ficamos giras? E se gostarmos de muitos ficamos mais giras que as
que gostam só de um? ;-)
PG-M: Essa era uma pergunta provocatória do Tito
Couto para os booktailors, como são quase todas as perguntas do Tito, e foi
respondida com a mesma boa disposição. A pergunta era “As miúdas giras gostam de escritores?” Não está fixe, a resposta? Hein? Em rigor,
detesto viver esse charme especial que tem a escrita e de sentir essa
curiosidade pelo bicho. Gosto muito da mulher, considero uma obrigação activar
quimicamente o encantamento heterossexual, que é o que represento, mas não por
esse motivo. Acho detestável as pessoas que guardam os olhares e os sorrisos.
Mas se eu os distribuo não é por ser escritor. Como advogado tenho um humor
impossível de aturar, detesto o cinzentismo dos tribunais, gosto de quebrar
jarras. Se virem bem (e não que vocês o tenham feito), essa minha resposta
retirada do contexto torna-me detestável. É por isso que vou fazer aprovar na
A.R. um novo crime: “Retirar do contexto”.
Em
todas as nossas entrevistas pedimos à pessoa entrevistada para deixar uma
pergunta para a próxima pessoa a entrevistar. No seu caso, foi o autor Paulo M.
Morais que lhe deixou uma pergunta (pode ver a sua entrevista aqui -
http://flamesmr.blogspot.pt/2013/08/entrevista-paulo-m-morais.html). A pergunta
foi: Quando tem de “matar” alguma das suas personagens,
emociona-se? Chega a chorar quando dá cabo dela?
PG-M: Há mortes literárias que fazem rir. Outras
fazem chorar. Mas prefiro dizer que evito matar gente. Mas quando começo a
matar é uma razia. Tarantino ou anti-Tarantino.
Agora
é a sua vez... Pedimos-lhe para deixar uma pergunta ao próximo entrevistado, mesmo sem saber de quem se trata:
PG-M: Tens a mania, não tens?
(convém explicar ao perguntado que eu não sabia quem
ele ou ela eram quando fiz esta profundíssima pergunta)
PG-M: Declarações finais: quero
agradecer à Mariana e à Roberta o trabalho que têm desenvolvido pela divulgação
literária. A luso-italiana Roberta Frontini fisgou-me no “Não há feira, mas há
escritores”, semana um, com aqueles olhos claros terríveis, e sou hoje um dos
seus muitos apaixonados. Já me declarei e tudo. Ahahah. A Mariana é de Oliveira
de Azeméis e já me prometeu uma saca de pão d'Ul. Não sei do que está à espera.
Ah, e a entrevista está muito bem feita. Fossem todas assim. Acima de tudo, são
duas boas meninas. PG-M 2013
Muito obrigada ao Pedro pela simpatia e disponibilidade!
Um escritor bem humorado :) Gostei muito.
ResponderEliminarPor acaso foi um escritor que nos deixou muito à vontade por ser tão bem disposto :)
ResponderEliminarOk.. não gozem comigo mas.. estive o filme INTEIRO à "procura" do pão d'Ul e nunca vi qualquer referência. Será que a minha tradução era assim TÃO má? :(
ResponderEliminarRoberta
Sou mesmo burra... não sabia que o Pão D'Ul era da tua terra Mariana... não me mates ok?
EliminarRoberta :)