Ano de Edição: 1999
Género: Drama, Romance,
Autor: Mia Couto
Editora: Caminho
Mia
Couto dispensa qualquer tipo de apresentações. Mesmo quem nunca tenha lido nada
deste autor nascido em Moçambique, com certeza que já ouviu falar no seu nome
aquando da atribuição de mais um dos muitos prémios que recebe com regularidade
ou pela estreia de mais uma das suas obras.
Era
precisamente nesta segunda categoria que eu me encaixava até há bem poucos dias
atrás, quando em boa hora li a minha primeira obra deste escritor – “Vinte e
Zinco”.
A
história decorre no ano de 1974 em Moçambique em pleno mês de Abril. Em cada
capítulo, o leitor acompanha os acontecimentos de um determinado dia desse mês,
por ordem cronológica, numa antecipação que vai crescendo à medida que o dia 25
se aproxima.
Os
protagonistas não podiam ser mais antagónicos: é-nos apresentado Lourenço de
Castro, um chefe da polícia membro da PIDE que impõe a ordem, muitas vezes
recorrendo à força, numa pequena povoação e que acredita piamente que as
pessoas de raça branca são superiores aos "negros selvagens de África"; Irene, a
tia de Lourenço de Castro que, apesar de ter origens portuguesas, se rendeu ao
estilo de vida moçambicano e que vive uma vida obscena aos olhos do seu
sobrinho; Andaré Tchuvisco, um moçambicano cego respeitado por todos na sua
aldeia e detentor de uma clarividência sem igual; Jessumina, uma vidente
nascida naquele país e rodeada de mistérios; bem como muitas outras personagens.
A
tensão aumenta à medida que o dia 25 de Abril de 1974 se aproxima: como ficará
Moçambique depois da Revolução dos Cravos? Que impacto terá este acontecimento
na vida das diversas personagens?
Terminada
a leitura desta obra uma coisa tornou-se clara: esta será a primeira de muitas.
A
escrita de Mia Couto é absolutamente soberba: poética, com um toque africano
evidente, complexa e simultaneamente simples e direta.
O
autor conseguiu pegar numa premissa à primeira vista simples e desprovida do
fator novidade e criar uma história envolvente e reveladora. Assim, o leitor sente-se
como se tivesse sido transportado para Moçambique e vive de perto as emoções
intensas de cada personagem nos dias que antecedem este importante marco na
história de Moçambique e Portugal, bem como nos dias posteriores.
Os
costumes, crenças e cultura moçambicanos também não foram esquecidos e este
livro torna-se, também, numa verdadeira lição acerca de um país que, por mais
anos que passem e por muitas revoluções que aconteçam, estará para sempre
ligado a Portugal.
Um
livro tocante e único que recomendo vivamente!
Por Mariana Oliveira
Por Mariana Oliveira
De: Roberta
ResponderEliminarComprei o meu primeiro (e único) livro dele aqui: http://flamesmr.blogspot.pt/2012/05/encontro-com-autores-mia-couto.html
A minha mãe é que tem muitos livros dele.
Como não sabia que livro escolher, pedi conselho à escritora Amélia Pinto Pais... isto foi uns dias antes dela morrer :(
Nunca me vou esquecer deste momento.
Quanto a essa obra, assim de repetente a história não me fascina, mas a tua descrição dela faz-me pensar 2 vezes...
Lê um dele Roberta! Se a escrita for como a deste, o que provavelmente será ;) , acredito que gostarás muito!
EliminarLembro-me de falares desse acontecimento. Foi triste mas pelo menos pudeste experienciar na primeira pessoa o fascínio que alguém pode ter por uma autor... "aquele" brilhozinho nos olhos :)
Vi hoje na televisão um anúncio a dizer "este Natal leia Mia Couto". Nem de propósito! ;)
ResponderEliminarNada acontece por acaso Cátia, nada... ;)
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