Melech Mechaya
Os Melech
Mechaya foram formados em 2006 e nós que já fomos aos seus concertos podemos
prometer-vos que é impossível manterem muito tempo os pés no chão. São
apontados como a primeira e mais proeminente banda de música Klezmer em
Portugal e acreditem que nunca viram, nem ouviram, coisa igual! Pessoalmente
achamos que eles ao vivo são fabulosos porque, para além de tocarem
maravilhosamente, têm uma interação com o público que é fora do comum. Não é
por acaso que Salvatore Esposito, da revista italiana BlogFoolk, os considerou “um dos casos mais interessantes da cena
musical portuguesa”. Têm lançados o EP “Melech Mechaya” (2008) que temos
orgulhosamente autografado pelos membros da banda, e o LP “Budja Ba”, onde
participam as Tucanas (2009). Em Outubro 2011 lançaram ainda o álbum “Aqui Em
Baixo Tudo É Simples” que conta com a participação da fadista Mísia e do
trompetista norte-americano Frank London. Este álbum foi considerado pela
revista Blitz como um dos melhores álbuns do ano e foi lançado
internacionalmente em Maio de 2012. Desde aí, a banda tem percorrido o mundo,
desde Espanha à Croácia, Brasil e Cabo Verde. Os Melech Mechaya trabalham
também no teatro e no cinema, pelo que eram uma banda obrigatória para ser
entrevistada pelo FLAMES.
Nome dos membros da banda
João Graça (violino) - JG
Miguel Veríssimo (clarinete) - MV
André Santos (guitarra) - AS
João Novais (contrabaixo) - JN
Francisco Caiado (percussão) - FC
A todas as bandas/músicos, o FLAMES pergunta...
Qual o
significado do nome da vossa banda?
MV: "Melech
Mechaya" significa "Os Reis da Festa" ou "Os Reis da
Alegria" em Hebraico. A humildade do mesmo só é comparável com a
facilidade de pronunciar!
Músicos / Bandas
favoritas que vos inspirem:
MV: Beatles,
pois claro. Mais recentemente o novo dos Dead Combo [vejam a entrevista que o FLAMES lhes fez aqui] parece muito interessante,
o incontornável Sérgio Godinho, Divine Comedy, Radiohead...
JN: Por acaso
acabo de vir do concerto dos Dead Combo, foi muito bom. Gustavo Santaolalla,
Jaga Jazzist, Phronesis, Dexter Gordon, Carlos Paredes, Carlos Bica,
Stravinsky.....
FC: Radiohead, NIck Cave, PJ Harvey, Tom Waits, Damon
Albarn, Klezmatics, John Zorn, Zeca Afonso, Ornatos e claro Dead Combo
AS: Gosto muito
de Flamenco, especialmente de Paco de Lucia e Vicente Amigo. John Zorn e
Portico Quartet têm o lugar especial na prateleira dos discos mais ouvidos. Não
posso deixar passar o Ricardo Ribeiro e o Pedro Joia que tanto me ensinou.
JG: Avishai Cohen, Mayra Andrade, Arcade Fire.
Local onde mais
gostariam de tocar:
MV: Fazer os
Coliseus em nome próprio seria algo especial, claro.
JN: Gostava de
fazer concertos para a rua na janela de casas de pessoas aleatórias...
FC: Em
barbearias por esse mundo fora, gosto da ideia de tocar enquanto um bigode está
a ser aparado.
AS: Carnegie
Hall, já que podemos sonhar...
JG: Centro
Cultural de Belém
Lembram-se do
vosso primeiro ensaio? Onde foi:
MV: Lembramos
pois, ainda hoje se sente o cheiro naquela sala... Foi numa garagem no Feijó,
em Almada. Ensaiámos lá muitas vezes.
JN: Não foi na
garagem, foi no escritório da casa dos meus pais.
FC: Foi no
escritório da casa dos pais do João
AS: Lembro-me
bem desse escritório e desse ensaio. Algo entre o caos e a alegria!
JG: Foi no
escritório da casa dos pais do João, num fim de semana. Ainda não nos
conhecíamos todos, mas foi como se nos conhecemos. Um ambiente leve e
descontraído.
Quem compõe as
músicas?
MV: Depende.
Normalmente um de nós chega com uma ideia (uma melodia, um ritmo, um ambiente,
qualquer coisa) que pode estar muito desenvolvida ou quase embrionária. Depois
em conjunto trabalhamos o arranjo.
JN: Quem
quiser... Algumas já estão compostas, são tradicionais, ou de outros autores.
FC: A composição
é livre mas tem depois de passar pelo aceitação democrática dos elementos da
banda.
AS: O Sr. Inspiração!
JG: Todos
podemos compor. Só que nem todas passam no tribunal Mechaya.
Que
cartaz/mensagem gostariam de ver a ser erguida no meio do público?
MV: "Fiz
este cartaz só para chatear quem está atrás de mim"
JN: Lá lá lá lá
lá , Ei
FC:
"Obrigado pelo Desprazer!"
AS: "Toca a
outra"
JG:
"Deixem-me subir ao palco"
A pergunta de
sempre... como se conheceram e como decidiram começar esta banda?
MV:
Obrigaram-me!
JN: Foi o André.
FC: Esta
resposta terá de ser respondida pelo AS.
AS: O Graça e
Miguel estudavam comigo no conservatório, o Novais era da escola de puto e
tanto ele como o Caiado já tinham tocado comigo noutros grupos. A decisão para
começar os Melech foi porque lhes prometi serem famosos e como são todos uns
vendidos aceitaram na hora eheheh
JG: Não nos
conhecíamos a todos. O André e um livro de partituras vindo de Moscovo foi o
elo de ligação entre nós.
Aos Melech Mechaya o FLAMES pergunta...
Têm tido uma
aceitação internacional fantástica… sentem diferenças entre o público português
e o internacional?
MV: A fruta
podre tem o mesmo ar em todo o mundo! As diferenças são muito ténues. Creio que
o facto de fazermos música maioritariamente instrumental que ajuda, pois de
alguma maneira se torna numa linguagem mais universal sem a barreira
linguística.
JN: Pouca, mas
os portugueses são mais bonitos.
FC: Os públicos
tendem a ter um comportamento semelhante perante a nossa música. Suspeição,
Surpresa, Aceitação e Arremesso de fruta podre ou Dança/Alegria.
AS: Acho que o
ponto principal é mesmo a música ser tendencialmente instrumental e a mensagem
fica mais universal. Mas há diferenças claro, é raro o sítio de Portugal que o
Graça não tem um amigo no público, logo ai influencia a aceitação do mesmo!
JG: Acho que
tenho destruído alguns mitos. Por exemplo, o público que temos conhecido no
Norte da Europa é igualmente entusiasta e caloroso. Digamos que o público que
nos vem ouvir partilha o mesmo espírito de procura.
Nos vossos
discos têm trabalhado com outros artistas. Existe algum artista com o qual
gostariam particularmente de trabalhar?
MV: Imensos, o
problema é eles quererem trabalhar connosco!
JN: Neste
momento gostava que nos convidassem....
FC: Seria uma
honra trabalhar com qualquer uma das nossas influências. Em particular gostaria
muito de trabalhar com o Damon Albarn.
AS: A pergunta
é: Será que algum artista gostaria de trabalhar convosco?
JG: A lista é
enorme, mas é difícil individualizar. A seu tempo pensaremos nisso outra vez.
É fácil
conciliar o trabalho da música com o teatro e o cinema?
MV: O trabalho
que fazemos para teatro e cinema é bastante pontual, não é algo frequente como
os concertos. Aliás, o nosso trabalho com teatro e cinema é sempre e só com a
música.
JN: É muito
difícil, mas agente aguenta.
FC: Sim até
agora tem sido fácil também porque temos trabalhado com pessoal muito profissional
e humano.
AS: É uma trabalheira!
JG: Não,
trabalhar em cinema (leia-se filmar telediscos, gravar em novelas, filmar
curtas-metragens) é algo em que investimos pouco do nosso tempo. Mais trabalho temos
com os ensaios e a preparação do espectáculo ao vivo.
O tipo de música
que tocam não é o mais tradicional (ou melhor, não é música para as massas), no
entanto é um estilo que atrai, nos vossos concertos, uma grande diversidade de
pessoas, e parece que ninguém consegue ficar indiferente quando vos ouve.
Porque acham que isso acontece?
MV: Há malucos
para tudo...
JN: Acho que é a
velha máxima "perdido por cem.....perdido por mil..."
FC: Hum acho que
é difícil haver indiferença perante algo desconhecido e estranho. Seria o mesmo
que alguém ter um encontro de 3º grau com um alien e simplesmente ignorá-lo.
JG: Ainda estou
hoje para perceber isso. Para mim é-me muito difícil colocar-me como espectador
do nosso espectáculo. Estou perdidamente enviesado (por ter ouvido tantas vezes
as músicas). Mas acredito que possa haver algo no ritmo e na harmonia (típica
da sonoridade klezmer) que fascine algumas pessoas.
Alguma vez vos
passou pela cabeça terem uma aceitação tão grande lá fora?
MV: É uma
aceitação relativa, pois apesar de termos tocado em muitos países ainda são os
primeiros passos. Mas, como começámos, nunca pensámos nisso.
JN: Cada novo
local onde vamos tocar é um orgulho. Desde que nos juntámos, nunca imaginei que
Melech Mechaya me levasse a tantos sítios.
FC: Nunca
pensamos profundamente no longo prazo, mas essa aceitação tem sido uma
agradável e motivadora experiência.
AS: Nunca me
passou pela cabeça tocar fora de Lisboa, logo tudo o resto que veio...
JG: Não. Era um
sonho, literalmente. Agora um objectivo.
Têm alguma
história caricata relacionada com as vossas digressões (que possam contar claro)?
AS: Lembro-me de
uma vez estarmos a tocar nos Açores e alguém da produção veio por uma bandeja
com copos de cerveja na frente do palco para nós. Entretanto estava lá um Sr.
ligeiramente alcoolizado que além de começar a gritar "vão-se
embora!!!" com toda a alma, acabou por chegar à frente do palco e bebeu as
nossas cervejas o mais rápido que pode antes de acabarmos a música.
Mais informações e próximos concertos
em: www.melechmechaya.com
Dia 24 de Março sai o novo disco dos Melech Mechaya "Gente Estranha"... fiquem atentos
Dia 24 de Março sai o novo disco dos Melech Mechaya "Gente Estranha"... fiquem atentos
Entrevista super engraçada. Não conhecia a banda mas fiquei curiosa. Vou ouvir!
ResponderEliminarEles são fenomenais Eunice. Especialmente ao vivo. Nunca vi uma banda assim. E foram muito engraçados na entrevista sem dúvida. Obrigada por ter passado.
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