Tiago Bettencourt
(Fotos por Felipe Alves, Silverbox Studio)
Tiago Bettencourt é mais um dos músicos que passam pelo FLAMES que dispensa qualquer tipo de apresentações!
Nasceu em Coimbra em 1979, cidade que nos é muito especial, mas mora em Lisboa.
Nasceu em Coimbra em 1979, cidade que nos é muito especial, mas mora em Lisboa.
O seu novo CD já pode ser ouvido de forma totalmente gratuita no Spotify e chama-se "Do princípio". Pode ser comprado "fisicamente" a partir do dia 26 de Maio. São 12 canções, todas elas com um toque muito pessoal, daqueles que apenas o Tiago consegue dar...
Dotado de uma voz característica e inconfundível, com esta entrevista descobrimos que para além de ser um verdadeiro artista, também é extremamente simpático, paciente e disponível!
Dotado de uma voz característica e inconfundível, com esta entrevista descobrimos que para além de ser um verdadeiro artista, também é extremamente simpático, paciente e disponível!
A todas as bandas/músicos, o FLAMES pergunta...
Quais são os artistas que o inspiram?
“Eh pá”, nunca mais saíamos daqui… Bob Dylan, David Bowie, Alfredo Marceneiro, Radiohead, Amália Rodrigues, Arcade Fire e muitos outros.
Qual o local onde mais gostaria de actuar?
Gostava muito de tocar no Coliseu (de Lisboa). Já lá toquei mas nunca a solo. Também gostava de ir à Casa da Música, sou um admirador de Rem Koolhass (arquitecto que projectou a Casa da Música). Também gostava de actuar no Coliseu do Porto. Gostaria muito de actuar no estrangeiro mas é muito difícil. Até o Brasil é um mercado muito complicado, excepto no caso do fado.
Realmente, já outros artistas têm referido o facto de o fado ter as portas abertas com mais facilidade no estrangeiro. Pensa assim?
Sim. Se não fosse o fado talvez existisse exportação de outra música em Portugal. Mas ainda bem que existe o fado, faz parte da nossa História. Mas para os artistas do pop ou rock português é muito difícil actuar lá fora. Eu gostava muito de fazê-lo pelo mundo inteiro.
Que cartaz ou mensagem gostaria de ver ser erguida no meio do público durante um concerto seu?
Cartaz…(pensa durante um momento), estava aqui a pensar e talvez algo como “Continua assim”. Algo que me faça sentir acompanhado em cima do palco.
Lembra-se de alguma situação caricata que tenha ocorrido num dos seus espectáculos?
Aconteceu muita coisa e o pior é que não tenho muita memória! Mas há uma situação de que nunca me esqueci: uma vez num concerto um rapaz levantou um cartaz onde se lia “Tiago podes pedir a não sei quantas em casamento”, ela estava ali mesmo sentada ao lado dele e eu pensei “bem, pode ser” (risos). Foi muito engraçado e depois até lhes dediquei uma canção.
O Tiago foi o produtor deste seu novo álbum, “Do Princípio”. Foi a primeira vez que produziu um disco?Como foi a experiência: mais complicada ou mais simples do que aquilo de que estava à espera?
Já tinha produzido. Produzi numa banda com o Fred Ferreira. No fundo, também produzi um outro álbum meu, o “Tiago na Toca”, mas esta foi a primeira vez que o fiz num álbum só meu. O produtor dá-nos sempre uma visão de fora mas a partir do momento em que somos nós a produzi-lo também se torna importante termos a ajuda de outras pessoas que nos dão uma visão diferente. Neste trabalhei com o Artur David, o técnico que misturou o álbum, e também tive a opinião dos músicos e do meu agente. O mais importante na gravação de um álbum é alguém que dê uma visão de fora porque quando estamos a trabalhar intensamente num disco torna-se importante ouvir outras opiniões.
Demorou cerca de 2 anos a escrever os temas deste disco. Qual foi a sua fonte de inspiração para as letras das canções?
Não há uma fonte principal de inspiração. Vão surgindo ideias, coisas que se passam comigo. Não há uma fonte especial de inspiração. Escrevo sobre emoções, situações, sobre a parte humana. Acho muito bonito todas essas emoções que fazem parte do nosso percurso.
Na faixa “Do Princípio” o Tiago canta “Faz-te bem não pensar no que é melhor para ti”. A primeira coisa que nos surge com esta frase é aquela ideia epicurista de desfrutar o momento presente sem nos preocuparmos com o futuro. Era esta ideia que queria transmitir? Identifica-se com esta forma de estar na vida?
Acho que sim, acho que pode ser. Acho que é muito mais importante a tua interpretação do que a minha. A partir do momento que lanço um disco cá para fora ele passa a pertencer a quem o ouve, deixa de ser só meu. Essa frase fala do egoísmo, em pensarmos demasiado em nós próprios quando devíamos dedicar-nos mais aos outros.
Relativamente ao tema “Aquilo que não fiz” o Tiago disse que esta se refere à desonestidade, à falta de respeito e de amor pelo nosso país. Contudo, muitos dos seus fãs associaram-no à actual crise económica que assola Portugal. Surpreendeu-o esta interpretação e o impacto que este tema teve?
Não. Eu estava com um bocado de receio de que essa canção pudesse ter várias interpretações e essa seria a mais tendenciosa. Mas também senti que se não a lançasse seria um cobarde. Escrevi-a há um ano e meio, quando achei que tínhamos começado a sair desse buraco, embora muito lentamente. Ainda hoje se estão a passar muitas injustiças. Não quero que a associem a partidos políticos, à esquerda ou à direita. Esta música é sobre pessoas que passam por cima de outras deixando-se reger pelo dinheiro. Mas acima de tudo fala do orgulho pelo nosso país que é algo que falta. Como artista português sinto que há mais carinho pelos cantores estrangeiros do que pelos portugueses. Em Portugal não damos valor ao que temos, achamos que o que vem lá de fora é sempre melhor. Devíamos ter mais orgulho no nosso país.
Neste seu novo disco é evidente o cuidado que teve na componente gráfica do mesmo, nas técnicas utilizadas tanto nas fotografias de promoção como na fotografia da capa. Quão importante é para si o aspecto físico de um álbum?
Sou licenciado em arquitectura. Desde sempre que estive em cima das capas dos meus álbuns, com excepção para o meu álbum acústico. De cada vez que eu comprava um álbum ia ver o livrinho, a parte gráfica. Sei o enorme prazer que dá estar a ouvir um álbum e a ler o livrinho ao mesmo tempo. Quando penso num álbum que tenha ouvido há muito tempo lembro-me não só das músicas mas também das cores e do seu aspecto. Penso que também é necessário investir na parte gráfica de um álbum pois vivemos numa altura em que, por vezes, a imagem é mais importante que a música.
Temos artistas a viver da imagem e que em termos musicais são vazios. Não penso que a imagem seja mais importante que a parte musical mas acaba por ser importante. Estas fotografias surgiram quando um amigo de infância, com quem andei do 4º ao 9º ano, o Felipe Alves, há 2 anos me perguntou se estava interessado numas fotos que ele tirava no seu Silverbox Studio. É um processo muito antigo, de 1800 e poucos, fotos em vidro e metal que são coloridas e ficam com um aspecto vintage. Acho que tem a ver com o meu álbum que se chama “Do Princípio” mas que acaba por ser uma continuação do meu trabalho.
Algo que deseja é que as suas canções perdurem no tempo. Qual acha que são as características essenciais num álbum para que este se torne imortal?
Não sei, não faço ideia. É um bocado um mistério. Penso que é isso que todos os artistas querem saber. Quer dizer, todos não! Há alguma música que tem sido feita na última década, como esse tipo do Gangnam Style que provavelmente o que ele quer é ganhar dinheiro para a seguir comprar um iate.
Eu tento fazer algo com a minha música e espero que daqui a uns anos se alguém for ouvir os meus discos que estes lhe transmitam algo de diferente, uma mensagem nova. No fundo, é assim que eu ouço música. Tenho uma colecção enorme de discos e vinis e, às vezes, gosto de ir ouvi-los como se fosse a primeira vez.
Relativamente aos espectáculos ao vivo, já começou a planear os próximos? Quem já foi a um concerto seu o que pode esperar dos próximos? Que surpresas tem reservadas?
Eu acho que quem foi a concertos meus sabe que eles são todos diferentes. Em cada concerto acabamos por mudar o alinhamento pois basta alguém pedir uma música diferente. Neste álbum temos uma roupagem electrónica. Temos um novo elemento, o Kid Gomez, nos loops e na mesa de mistura. De início vamos tocar o álbum de uma maneira mais fiel ao vivo e à medida que o vamos tocando mais vezes as coisas vão ficando diferentes.
Penso que precisamos de nos divertir a tocar ao vivo, preciso que para mim seja um desafio estar em cima do palco e no fundo queremos passar algo para quem vai aos concertos.
“Eh pá”, nunca mais saíamos daqui… Bob Dylan, David Bowie, Alfredo Marceneiro, Radiohead, Amália Rodrigues, Arcade Fire e muitos outros.
Qual o local onde mais gostaria de actuar?
Gostava muito de tocar no Coliseu (de Lisboa). Já lá toquei mas nunca a solo. Também gostava de ir à Casa da Música, sou um admirador de Rem Koolhass (arquitecto que projectou a Casa da Música). Também gostava de actuar no Coliseu do Porto. Gostaria muito de actuar no estrangeiro mas é muito difícil. Até o Brasil é um mercado muito complicado, excepto no caso do fado.
Realmente, já outros artistas têm referido o facto de o fado ter as portas abertas com mais facilidade no estrangeiro. Pensa assim?
Sim. Se não fosse o fado talvez existisse exportação de outra música em Portugal. Mas ainda bem que existe o fado, faz parte da nossa História. Mas para os artistas do pop ou rock português é muito difícil actuar lá fora. Eu gostava muito de fazê-lo pelo mundo inteiro.
Que cartaz ou mensagem gostaria de ver ser erguida no meio do público durante um concerto seu?
Cartaz…(pensa durante um momento), estava aqui a pensar e talvez algo como “Continua assim”. Algo que me faça sentir acompanhado em cima do palco.
Lembra-se de alguma situação caricata que tenha ocorrido num dos seus espectáculos?
Aconteceu muita coisa e o pior é que não tenho muita memória! Mas há uma situação de que nunca me esqueci: uma vez num concerto um rapaz levantou um cartaz onde se lia “Tiago podes pedir a não sei quantas em casamento”, ela estava ali mesmo sentada ao lado dele e eu pensei “bem, pode ser” (risos). Foi muito engraçado e depois até lhes dediquei uma canção.
Ao Tiago Bettencourt o FLAMES pergunta...
O Tiago foi o produtor deste seu novo álbum, “Do Princípio”. Foi a primeira vez que produziu um disco?Como foi a experiência: mais complicada ou mais simples do que aquilo de que estava à espera?
Já tinha produzido. Produzi numa banda com o Fred Ferreira. No fundo, também produzi um outro álbum meu, o “Tiago na Toca”, mas esta foi a primeira vez que o fiz num álbum só meu. O produtor dá-nos sempre uma visão de fora mas a partir do momento em que somos nós a produzi-lo também se torna importante termos a ajuda de outras pessoas que nos dão uma visão diferente. Neste trabalhei com o Artur David, o técnico que misturou o álbum, e também tive a opinião dos músicos e do meu agente. O mais importante na gravação de um álbum é alguém que dê uma visão de fora porque quando estamos a trabalhar intensamente num disco torna-se importante ouvir outras opiniões.
Demorou cerca de 2 anos a escrever os temas deste disco. Qual foi a sua fonte de inspiração para as letras das canções?
Não há uma fonte principal de inspiração. Vão surgindo ideias, coisas que se passam comigo. Não há uma fonte especial de inspiração. Escrevo sobre emoções, situações, sobre a parte humana. Acho muito bonito todas essas emoções que fazem parte do nosso percurso.
Na faixa “Do Princípio” o Tiago canta “Faz-te bem não pensar no que é melhor para ti”. A primeira coisa que nos surge com esta frase é aquela ideia epicurista de desfrutar o momento presente sem nos preocuparmos com o futuro. Era esta ideia que queria transmitir? Identifica-se com esta forma de estar na vida?
Acho que sim, acho que pode ser. Acho que é muito mais importante a tua interpretação do que a minha. A partir do momento que lanço um disco cá para fora ele passa a pertencer a quem o ouve, deixa de ser só meu. Essa frase fala do egoísmo, em pensarmos demasiado em nós próprios quando devíamos dedicar-nos mais aos outros.
Relativamente ao tema “Aquilo que não fiz” o Tiago disse que esta se refere à desonestidade, à falta de respeito e de amor pelo nosso país. Contudo, muitos dos seus fãs associaram-no à actual crise económica que assola Portugal. Surpreendeu-o esta interpretação e o impacto que este tema teve?
Não. Eu estava com um bocado de receio de que essa canção pudesse ter várias interpretações e essa seria a mais tendenciosa. Mas também senti que se não a lançasse seria um cobarde. Escrevi-a há um ano e meio, quando achei que tínhamos começado a sair desse buraco, embora muito lentamente. Ainda hoje se estão a passar muitas injustiças. Não quero que a associem a partidos políticos, à esquerda ou à direita. Esta música é sobre pessoas que passam por cima de outras deixando-se reger pelo dinheiro. Mas acima de tudo fala do orgulho pelo nosso país que é algo que falta. Como artista português sinto que há mais carinho pelos cantores estrangeiros do que pelos portugueses. Em Portugal não damos valor ao que temos, achamos que o que vem lá de fora é sempre melhor. Devíamos ter mais orgulho no nosso país.
Neste seu novo disco é evidente o cuidado que teve na componente gráfica do mesmo, nas técnicas utilizadas tanto nas fotografias de promoção como na fotografia da capa. Quão importante é para si o aspecto físico de um álbum?
Sou licenciado em arquitectura. Desde sempre que estive em cima das capas dos meus álbuns, com excepção para o meu álbum acústico. De cada vez que eu comprava um álbum ia ver o livrinho, a parte gráfica. Sei o enorme prazer que dá estar a ouvir um álbum e a ler o livrinho ao mesmo tempo. Quando penso num álbum que tenha ouvido há muito tempo lembro-me não só das músicas mas também das cores e do seu aspecto. Penso que também é necessário investir na parte gráfica de um álbum pois vivemos numa altura em que, por vezes, a imagem é mais importante que a música.
Temos artistas a viver da imagem e que em termos musicais são vazios. Não penso que a imagem seja mais importante que a parte musical mas acaba por ser importante. Estas fotografias surgiram quando um amigo de infância, com quem andei do 4º ao 9º ano, o Felipe Alves, há 2 anos me perguntou se estava interessado numas fotos que ele tirava no seu Silverbox Studio. É um processo muito antigo, de 1800 e poucos, fotos em vidro e metal que são coloridas e ficam com um aspecto vintage. Acho que tem a ver com o meu álbum que se chama “Do Princípio” mas que acaba por ser uma continuação do meu trabalho.
Algo que deseja é que as suas canções perdurem no tempo. Qual acha que são as características essenciais num álbum para que este se torne imortal?
Não sei, não faço ideia. É um bocado um mistério. Penso que é isso que todos os artistas querem saber. Quer dizer, todos não! Há alguma música que tem sido feita na última década, como esse tipo do Gangnam Style que provavelmente o que ele quer é ganhar dinheiro para a seguir comprar um iate.
Eu tento fazer algo com a minha música e espero que daqui a uns anos se alguém for ouvir os meus discos que estes lhe transmitam algo de diferente, uma mensagem nova. No fundo, é assim que eu ouço música. Tenho uma colecção enorme de discos e vinis e, às vezes, gosto de ir ouvi-los como se fosse a primeira vez.
Relativamente aos espectáculos ao vivo, já começou a planear os próximos? Quem já foi a um concerto seu o que pode esperar dos próximos? Que surpresas tem reservadas?
Eu acho que quem foi a concertos meus sabe que eles são todos diferentes. Em cada concerto acabamos por mudar o alinhamento pois basta alguém pedir uma música diferente. Neste álbum temos uma roupagem electrónica. Temos um novo elemento, o Kid Gomez, nos loops e na mesa de mistura. De início vamos tocar o álbum de uma maneira mais fiel ao vivo e à medida que o vamos tocando mais vezes as coisas vão ficando diferentes.
Penso que precisamos de nos divertir a tocar ao vivo, preciso que para mim seja um desafio estar em cima do palco e no fundo queremos passar algo para quem vai aos concertos.
Muito obrigada pela simpatia Tiago :)
As fotografias são fixes! Mal posso esperar pelo dia 26. Grande artista, boas respostas.
ResponderEliminarFinalmente já saiu! Esperamos que goste ;)
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