quarta-feira, 14 de maio de 2014

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46ª Entevista: Rita Redshoes (artista portuguesa)


Rita Redshoes

(Foto por WeAreNot!)

Nascida em 1981, Rita Pereira deu os primeiros passos na música na banda Atomic Bees e posteriormente como teclista de David Fonseca, com quem gravou a música “Hold Still”. Mas foi em 2007 que nasceu Rita Redshoes e Portugal se rendeu ao seu talento com o tema “Dream on Girl”. Lançou no ano seguinte o seu álbum de estreia como artista solo, “Golden Era” e decorridos apenas 2 anos lança o seu segundo disco “Lights and Darks”.

Foram precisos 4 longos anos de espera, mas esta compensou pois os seus fãs foram brindados este ano com o terceiro e seu mais recente trabalho – “Life is a Second of Love”.

Estivemos à conversa com a Rita e foi isto que ela nos revelou...



A todas as bandas/músicos, o FLAMES pergunta...

Porque escolheu o nome artístico Rita Redshoes?
Bom, foi um pouco inconsciente. Tinha de encontrar um nome com brevidade porque ia entrar na colectânea da FNAC em 2007. Andei duas semanas a pensar nisso até que numa noite sonhei com esse nome. Gostei do nome pois não só o associo a artistas como a Kate Bush ou o David Bowie, mas também ao cinema como o filme “O Feiticeiro de Oz”.
Os sapatos vermelhos têm um certo poder, são como um feitiço e quando os calçam algo acontece.
Sou uma pessoa extremamente tímida e queria ver como é que esse nome me ajudaria a experienciar esse poder.

Para além de, obviamente, Kate Bush e David Bowie que outros artistas a inspiram?
Tenho um gosto muito diversificado e também influenciado pelo facto de ter estudado música clássica. Gosto de Maria Callas, Nina Simone mas também PJ Harvey. Foco mais as mulheres e a sua escrita feminina…mas também outros como Leonard Cohen, Nick Cave…

Qual o local onde mais gostaria de actuar?
Gostava muito de tocar em Hong Kong (risos).
  
Porquê?
É uma cidade que me fascina.

Mas já lá esteve?
Não. Assim juntava-se o útil ao agradável! Gosto do contraste de culturas e queria saber como é que a minha música iria funcionar lá.

Que cartaz ou mensagem gostaria de ver ser erguida no meio do público durante um concerto seu?
(pensa durante uns instantes) Assim de repente, acho que uma coisa simples como “Rita fazes-me sorrir”.

Lembra-se de alguma situação caricata que tenha ocorrido num dos seus espectáculos?
Sim, uma bastante embaraçosa na qual me senti envergonhada:
Quando andava em tourné em 2008 e 2009 costumava dormir nas carrinhas e uma noite em que ia actuar em Estarreja fiquei de tal forma confusa com o local onde estava que disse “Boa noite Esposende”!

E o público reagiu de imediato ou só no fim do concerto é que alguém lhe disse alguma coisa?
Reagiu logo. Disseram: “Buuuuuu” (risos).

  À Rita Redshoes o FLAMES pergunta...

Já participou na composição de bandas sonoras para o cinema e teatro. O processo de composição de bandas sonoras é diferente do de compor um álbum de estúdio por ter de integrá-las numa história que já existe ou acaba por ser semelhante?
Não, os processos são muito diferentes. Para além de no teatro e cinema haver uma adequação da música às imagens e à história, o próprio formato é diferente.
Num disco as músicas seguem determinadas regras, têm normalmente entre 3 a 4 minutos e pode-se acrescentar ou não mais um refrão.
No teatro não há essas regras. A música está ao serviço de fazer imagens, dá-nos uma liberdade interessante.

Gosta de ambas da mesma forma?
Sim, gosto muito de ambas.

Em todos os seus álbuns a Rita canta em inglês. Qual o motivo por detrás dessa escolha?
A escolha na altura não foi bem escolha. Quando tinha 14 anos entrei para a banda do meu irmão, os Atomic Bees, para ser a vocalista. Na altura era uma miúda e apenas queria cantar. Comecei a escrever em inglês e a conhecer-me nessa língua.
Não ponho de parte fazer um disco ou participar num projecto em português, é a minha língua e é lindíssima. Só que tem uma sonoridade muito específica e ainda não encontrei o meu processo de a cantar. Cada sílaba, cada palavra são muito específicas.

Recentemente entrevistámos o Noiserv e ele referiu que cantar em inglês, ao contrário do que se possa pensar, não faz com que um artista tenha mais facilidade em internacionalizar-se. Qual é a sua opinião acerca disto?
É a mesma. O David (Noiserv) e eu temos essa noção. Não é por cantar em inglês que se abre portas lá fora. Os artistas que cantam em português, como quem canta fado, têm mais facilidade em entrar nos países estrangeiros em comparação com quem faz pop ou rock pop em inglês.
O português é uma língua muito identitária do seu país e torna-se mais difícil a quem canta em inglês “furar” esses mercados.

Recentemente deu uma entrevista ao Jornal Público no suplemento Ípsilon cujo título é “Rita Redshoes é outra, não é a mesma”. Como é a nova Rita?
Bom, isso é a visão de quem escreveu o artigo, o Gonçalo Frota.
Acho curioso porque eu não tinha essa noção mas quando a minha família e os meus amigos ouviram o meu novo álbum disseram que soava a mim mas também a algo diferente.
De facto, houve um amadurecimento de questões na minha vida nos últimos anos, de experiências que me levaram a escrever um álbum assim, de uma forma mais directa, mais crua, mais com uma voz de mulher e menos de menina.

Quando começou a produzir este seu 3º álbum, “Life is a Second of Love”, já sabia qual o
caminho que pretendia trilhar ou a inspiração e as ideias surgiram durante a própria gravação do disco?
Algumas músicas foram, de facto, surpreendentes.
Eu sou um bocado desorganizada a compor e por vezes comecei uma música que só terminei passados alguns meses. Quando compus este álbum, ao longo de 4 anos, aconteceram muitas coisas e pude organizar as minhas próprias experiências e resolver algumas questões na minha vida.
Não tinha nada de muito programado quando comecei a trabalhar neste disco, apenas sabia que queria adicionar-lhe dois pormenores: queria incluir o silêncio em conjunto com a música e queria um álbum mais despido em termos de orquestração.


Como serão os espectáculos ao vivo da “nova” Rita Redshoes? Já está a pensar neles?
Sim, ainda estou a planear os meus espectáculos. Confesso que tenho tido uma inclinação para não fazer o que fiz nos espectáculos anteriores em que usava muitos adereços e compunha mais o cenário. Agora não quero enfeitar tanto o palco, não quero distrair as pessoas pois quero que prestem mais atenção à música e à letra.
Confesso que não quero que se distraiam.

Quando olha para trás e revê toda a sua carreira está plenamente satisfeita com tudo o que fez ou se tivesse oportunidade mudaria alguma coisa?
Não gosto de dizer que não me arrependo de nada. Há coisas que provavelmente faria de forma diferente. Mas gosto de pensar que fiz um bom trabalho e estou em paz comigo e com as coisas que fiz. No geral, estou satisfeita com o meu trabalho.
  
Um enorme obrigada à Rita pelo seu tempo, disponibilidade e ENORME simpatia!

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3 comentários:

  1. É muito bom ver que reconhecem o nosso trabalho e que nos dão estas oportunidades! A Mariana saiu extasiada desta experiência, e com razão!! Que orgulho!

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  2. Mariana: Já agora. Se fores a um concerto dela acho que devias MESMO de levar um cartaz a dizer "Rita, fizeste-me sorris [com esta entrevista]"

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Obrigada por ter passado pelo nosso Blog e por comentar! A equipa do FLAMES agradece ;)

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