sexta-feira, 14 de novembro de 2014

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90ª Entrevista do FLAMES: António Zambujo (artista português)


ANTÓNIO ZAMBUJO 


Nasceu em 1975 no Alentejo, onde cresceu. A música sempre fez parte da sua vida, tendo começado a tocar clarinete com apenas 8 anos. 
Hoje trás-nos mais um novo disco, com músicas originais, poéticas, onde transforma as cenas do quotidiano do dia-a-dia, em melodias para a vida. Vamos conhecê-lo melhor... 

A todos os artistas o FLAMES pergunta...

Quais são os artistas que mais o inspiram?
João Gilberto, Chet Baker e Tom Waits.

Qual é o local onde mais gostaria de actuar?
Na lua!

Que cartaz ou mensagem gostaria de ver a ser erguido num dos teus concertos?
(Risos)

Nós fazemos sempre esta pergunta a todos os músicos...
Ok... Hum... Faz-me um filho! (Risos)... é original!

Lembra-se de alguma situação caricata que tenha ocorrido num dos seus concertos?
Hum... uma situação caricata... Assim caricata não sei, mas engraçada já aconteceu. O Ricardo Cruz que é o contrabaixista e o director musical, um dia estava comigo num teatro. Já não me recordo em que teatro foi, mas foi cá em Portugal... O palco estava todo escuro, só tinha assim uma luz muito baixa, e ele estava em frente a uma parede preta e pensava que estava para entrar em palco. Mas não, estava mesmo de frente à parede e se eu não lhe tivesse dito nada ele ia chocar contra ela.. E era capaz de se aleijar...

Era capaz de não correr bem...
(Risos).. pois! E foi complicado para mim depois porque eu entrei no palco com muita vontade de rir, e tive muita dificuldade em me concentrar e poder cantar...

Ao António Zambujo o FLAMES pergunta... 

Porquê este nome para este seu novo álbum "Rua da Emenda"?
Porque não tenho jeito nenhum para escolher nomes para discos!
Na verdade não fui eu que escolhi, foi o Ricardo Cação que é o nosso Tour Manager que sugeriu a "Rua da Emenda" e quando ele sugeriu eu achei que fazia algum sentido. Isto porque esta rua é o local onde nós preparamos todos os nossos discos. É a rua da nossa sala de ensaios. É o ponto de encontro para sempre que temos de sair de Lisboa. Sempre que saimos de Lisboa para tocar, é na Rua da Emenda que nos encontramos. Só estes motivos eram mais do que suficientes para que ela fosse homenageada.

Na sua música “Valsa do vai não vás” fala da questão da emigração. É uma música influenciado pela conjectura actual? 
É uma coincidência. Mas hoje em dia todos sentimos esta loucura que é ver a malta mais nova que está a ser chutada para fora do país. Depois o que acontece é que há muitas histórias que acabam por se perder por isso mesmo: pela distância, por novos hábitos que se criam, por readaptações que temos de fazer na nossa vida. É uma coisa um bocadinho triste mas que por outro lado pode abrir portas para muitas outras coisas boas. Até coisas mais alegres...

É impressionante a forma como em algumas das suas músicas pega em coisas simples do quotidiano e as transforma em mera poesia. Penso que onde isso é mais visível seja na música "Pica do 7". Facilmente nas suas músicas qualquer pessoa se consegue rever. Tem tido esse tipo de feedback por parte do público? 
Sim sim! E fico mesmo muito contente por isso. De facto, o que eu gosto mesmo de cantar é isso! Eu gosto de cantar uma realidade palpável. Gosto de imaginar uma curta-metragem na minha cabeça com coisas que possam acontecer no dia-a-dia de toda a gente. De facto é assim que acontece. Não me imaginava a cantar... sei lá... as caravelas...! Não gosto de cantar sobre coisas que não existem. A realidade é uma coisa completamente diferente. É isso que eu gosto de cantar. 

O amor é um dos temas mais presentes no disco. Depois de tantos CD’s, livros e músicas que falam sobre ele, porque acha que o amor continua a ser tão “cantado”? 
Porque é aquela coisa de que tanto gostamos e que nos move. O que nos move é sempre o amor por qualquer coisa. Neste caso é o amor pela música, é o amor pela família, é o amor por uma mulher, é o amor pelos amigos, é o amor pela cidade onde moramos, é o amor por tanta coisa! O amor é uma fonte de inspiração interminável. Por esse motivo, acho que nunca se vai deixar de cantar por ele. 

Porquê uma música em espanhol e uma em francês neste disco? Acha que dependendo da língua em que uma música é cantada ela é experienciada de forma diferente?
Bom, provavelmente a música em castelhano todos os portugueses conseguirão entender.. Mas a música em francês talvez não. O francês é uma língua que em portugal não tem assim tanta expressão. Já teve muita, mas hoje em dia já não tem tanta. Decidi cantar uma música em francês porque a França é dos países onde nós mais tocamos, e já lá tocamos há muito tempo, desde 2007 ou 2008. Então a nossa agente em França fez uma espécie de "provocação" meio a brincar, meio a sério. Disse que não achava bem... que eu já tocava há tantos anos em França e nunca tinha gravado nada em francês. Então nós resolvemos fazer-lhe esta surpresa. Escolhemos uma música de um compositor clássico... um verdadeiro enfant terrible da música francesa que é o Serge Gainsbourg, e decidimos então fazer este arranjo para esta música, "La chanson de Prévert". Nós ficámos todos contentes com o resultado e ela também gostou. Vamos lá ver o que é que os franceses vão achar agora! A outra espanhola foi devido ao facto de o Jorge ser um compositor que eu já conheço há alguns anos e com o qual me identifico muito. Surgiu então a oportunidade de cantar esta música e assim ficou.

O nosso muito obrigada ao António Zambujo pela disponibilidade, paciência e simpatia!


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4 comentários:

  1. Um estilo que o meu pai AMA.
    Tenho que o fazer saber desta entrevista, ele gosta de estar sempre actualizado neste meio. :-)

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  2. A Pica do 7 foi escrita pelo Miguel Araújo, e não pelo António Zambujo. :)

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    Respostas
    1. Olá Patrícia.. sim mas eu penso que não escrevi que o António Zambujo a tinha escrito.. espero não ter passado essa impressão :/

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